Os depoimentos de Marcílio Ávila e Juarez Silveira provocaram momentos de constrangimento entre os vereadores. No início de sua fala, o ex-presidente da Câmara e presidente da Santur reconheceu que fazia pedidos para liberar a obra do Floripa Shopping, mas no mesmo instante partiu para o contra-ataque: - Se isso (fazer pedidos por empresários) é advocacia administrativa, não tem um político neste país que não tenha cometido. A vida do político é pedir, pedir, mas dentro da lisura e da ética. Qual o vereador que não pediu? - questionou, levantando a voz, sem ser contestado pelos membros do conselho ou pelos demais parlamentares.
Considerou que "agiu absolutamente dentro da lei" e reiterou que nunca pediu para quem quer que seja "burlar a lei ou fazer alguma coisa que não poderia ser feita". O ex-presidente da Câmara disse que Juarez Silveira "realmente detinha o poder na Susp (Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos da Capital)", da qual era responsável seu cunhado, Renato Joceli de Souza. Juarez Silveira foi na mesma linha. No início, chegou a pedir para não ler o termo de compromisso, alegando que não tinha "condições" porque estava "nervoso". Como foi obrigado, leu o documento e depois se soltou. Alternando risadas e momentos de seriedade, refutou as acusações e espetou os colegas.
Sempre que confrontado com transcrições telefônicas nas quais aparentemente aparece negociando alguma vantagem, Silveira dizia não lembrar da conversa. Reconheceu a "amizade" com empresários que aparecem nas interceptações da Polícia Federal (PF), mas negou qualquer tipo de favorecimento. Ao dizer que era "normal" ter dito a um empresário que iria "até o inferno" para defendê-lo, Silveira provocou risos da platéia. Em outro momento, afirmou que todos os tipos de "solicitação" que fez durante as investigações também fazia em administrações passadas. O vereador negou ter ingerência na Susp, cujo cunhado comandava. Assim como Ávila, saiu dizendo estar confiante na absolvição.
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Diário de SC, 16/06/2007)