Para o mercado de combustíveis de Uruguaiana, 'o inimigo mora ao lado'. A gasolina contrabandeada, armazenada e vendida clandestinamente na periferia da cidade e o preço de R$ 1,40 por litro cobrado nas bombas dos postos na localidade argentina de Paso de los Libres colocam em risco a atividade econômica de empresários da região. Na vizinhança, o valor do combustível chega a ser 50% inferior ao praticado do lado brasileiro.
Segundo o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sulpetro), Charles Pereira, as sucessivas operações policiais que têm fechado pontos-de-venda e detido os envolvidos em irregularidades contribuem para um moderado acréscimo de movimento nos estabelecimentos em Uruguaiana. Porém, ele ressaltou que o cenário ainda está distante do ideal para recompor as perdas acumuladas dos últimos cinco anos. A burocracia, como a exigência do seguro internacional aos veículos estrangeiros, inclusive os brasileiros de fronteira (a chamada Carta Verde), é apontada como o fator responsável pela tímida recuperação das empresas locais. A preocupação com o risco iminente de incêndio, explosão e danos ambientais também conta pontos a favor do empresariado e da população.
Pereira destacou que, em 2001, o setor gerava 600 empregos diretos e, hoje, há apenas 80 funcionários. Segundo ele, a massa salarial caiu de R$ 400 mil para R$ 50 mil por mês. Dos 18 postos instalados na cidade, 14 mantêm a atividade, sendo que quatro mudaram de dono e parte deles, também de bandeira. 'A comercialização da rede de postos baixou de 9 milhões de litros por mês para 3 milhões', lamentou. O Estado deixou de arrecadar, em Uruguaiana, R$ 4 milhões por mês em ICMS, perda que repercute no município.
(Por Fred Marcovici,
CP, 15/06/2007)