Depois de muitos banhos com água de balde, dificuldade para lavar roupas, louças e fazer a comida, o tratorista Marcelo Barcelos, 30 anos, de Bagé, espera com ansiedade a decisão do Departamento de Água e Esgoto de Bagé (Daeb). Na segunda-feira, o órgão pode diminuir as horas de racionamento de água no município devido à boa marca de chuvas na região e à previsão de mais pancadas no final semana.
- Se as previsões se concretizarem até o final da semana, e a barragem Sanga Rasa alcançar sua recuperação plena, poderemos reduzir o racionamento - diz a diretora do Daeb, Estafânia Damboriarena.
O período mais crítico foi em abril de 2006, quando a barragem Sanga Rasa parou de funcionar porque estava 11 metros abaixo do nível normal, que é 12 metros.
A precipitação do mês de junho em Bagé já atingiu os 106 milímetros, sendo que a marca histórica é de 133 milímetros. Só entre terça e quarta-feira choveu 60 milímetros, conforme registro da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Bagé.
Três barragens abastecem a cidade. A Piraí e a Emergencial estão cheias, e a Sanga Rasa, que passou boa parte do ano passado desativada, está com três metros e 30 centímetros abaixo do nível normal.
O racionamento a que os moradores estão submetidos foi de 18 horas diárias até março. Depois passou para 16 horas, conforme o Daeb. Quem vive na periferia da cidade diz ficar até 24 horas sem água em casa.
- Já ficamos sem água mais de um dia. As crianças já até faltaram aula por estarem sem banho. A gente chega cansado do serviço, e a água não sobe no chuveiro - diz Barcelos, que mora no bairro Ibajé, com três filhos, a mulher, o cunhado e a sogra.
HISTÓRICO- A pior seca que houve em Bagé foi no ano de 1989. O sistema entrou em colapso, e o abastecimento foi interrompido quase que por completo.
- O racionamento atual vem ocorrendo desde dezembro de 2005. O período mais crítico foi em abril do ano passado, quando a barragem Sanga Rasa parou de funcionar porque estava 11 metros abaixo do nível normal, que é 12 metros.
- Naquela época, o abastecimento ficou por conta da Barragem Emergencial, da Piraí e de reservatórios alternativos, as pedreiras.
- O período máximo de racionamento foi de 18 horas. Hoje, está em 16 horas. A partir da semana que vem, a perspectiva é de que o racionamento diminua.
(Por Marina Lopes,
ZH, 15/06/2007)