O coordenador de Pesquisas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Montinho, disse nesta quinta-feira (14/06), na Câmara dos Deputados, que a emissão global de gás carbônico vem aumentando principalmente em razão da queima de combustíveis fósseis. Ele explicou que as emissões de gases de efeito estufa ocorrem em sua maior parte no hemisfério norte, a partir dos países desenvolvidos. Entretanto, 20% do problema vem do hemisfério sul, por causa do desmatamento.

Paulo Montinho participou do terceiro painel do seminário que a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realiza para discutir a agenda ambiental do Congresso. O objetivo é atualizar as metas do Parlamento, 15 anos após a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. O tema do painel é "O Legislativo e as mudanças climáticas".

O debatedor explicou que a incidência de furacões, o desgelo dos Andes e a seca na Amazônia são possíveis evidências de mudanças climáticas, e citou o recente episódio do primeiro furacão brasileiro, o Catarina, que atingiu o Brasil em 2004, com ventos de até 150 quilômetros por hora.

Biocombustível
Ele afirmou que, no Brasil, 70% das emissões de carbono provêm do desmatamento e 30% da queima de combustíveis fósseis. Ele alertou para o fato que a opção que vem sendo discutida sobre a adoção do biocombustível pode ser mais um fator para contribuir para o aumento do desmatamento. Também afirmou que a grande demanda por grãos e carne no mundo pode ser outro motivo capaz de desencadear um desmatamento incessante.

"Não somos os vilões, mas temos a faca e o queijo na mão", afirmou, explicando que modificações na Amazônia, com a redução dos desmatamentos e das queimadas, poderiam ser fundamentais para a manutenção do clima regional e mundial, sem maiores alterações, como as que vem ocorrendo atualmente.
(Por Simone Salles, Agência Câmara, 14/06/2007)