O ex-deputado federal constituinte e coordenador da campanha Y Ikatu Xingu do Instituto Socioambiental, Márcio Santilli, apresentou nesta quinta-feira (14/06), na Câmara dos Deputados, uma proposta para compartilhar os custos do combate ao desmatamento, chamada de "redução compensada".
Os pressupostos dessa proposta são: parte do problema deve ser parte da solução (se, por exemplo, o desmatamento libera gases que provocam o efeito estufa, deve-se reduzir o desmatamento); os custos do combate ao desmatamento devem ser compartilhados, já que uma parte expressiva do que causa o desmatamento na Amazônia é voltada ao mercado exterior (por exemplo, a transformação da floresta em pasto para criação de gado, cuja carne vai, em grande parte, para o mercado externo); e a adesão voluntária (todos têm responsabilidade pelas alterações climáticas).
Santilli participou do terceiro painel do seminário que a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizou para discutir a agenda ambiental do Congresso. O objetivo é atualizar as metas do Parlamento, 15 anos após a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. O tema do painel é "O Legislativo e as mudanças climáticas".
Segundo Santilli, um dos elementos da proposta busca compensar os países com créditos em caso de redução em suas taxas nacionais de desmatamento. Ele lembrou que, no Brasil, 70% das emissões de gases de efeito estufa provêm do desmatamento, de queimadas e do uso inadequado da terra, e que 30% vêm da queima de combustíveis fósseis. Entretanto, Santilli destacou que a participação brasileira nas emissões globais é de 3% a 4%. "A contribuição mais efetiva que o Brasil poderia dar seria a redução dos desmatamentos", afirmou.
(Por Simone Salles, Agência Câmara, 14/06/2007)