O coordenador da campanha 'Y Ikatu Xingu do Instituto Socioambiental, Márcio Santilli, apresentou durante seminário, nesta quinta-feira (14/06), a proposta da "redução compensada", para compartilhar com outros países os custos do combate ao desmatamento. Ele destacou que um dos objetivos é compensar com créditos os países que reduzirem suas taxas de desmatamento. (A meta da campanha 'Y Ikatu - expressão que significa "água limpa e boa", em uma língua indígena - é salvar as nascentes do Rio Xingu).
O seminário foi promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, com o objetivo de atualizar a agenda ambiental do Congresso 15 anos depois da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. De acordo com Santilli, a proposta de redução compensada permitiria a países como o Brasil uma fonte de recursos significativos que hoje não existem para a manutenção das suas florestas em pé.
"Se o Brasil reduzir em 10% a cada ano a sua taxa de desmatamento, durante cinco anos, e considerando um valor em torno de 20 dólares para a tonelada de carbono no mercado internacional, o país poderá ao final desses cinco anos ter uma compensação de cerca de 2, 5 bilhões de dólares", ressaltou.
Divisão de esforços
O coordenador de Pesquisas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Paulo Montinho, afirmou que essa proposta deve dar início a um mercado mundial de prestação de serviços ambientais. Um dos motivos, segundo ele, é o fato de que manter floresta em pé é caro, pois, quando o país faz a opção de reduzir o desmatamento, abre mão de uma série de outros usos que a terra pode fornecer. Ele alega que o esforço de conservação das florestas precisa ser dividido com o resto do mundo.
"Em um mundo sob mudança climática, o valor desse serviço aumenta muito. Portanto, acho mais do que justo o Brasil e outros países tropicais serem remunerados pelo esforço de manutenção de suas florestas em pé", destacou.
(Por Simone Salles, Agência Câmara, 14/06/2007)