Os funcionários do Ibama são os mais fortes opositores à proposta de divisão do instituto. Assim que o governo apresentou a medida provisória, quase todos os seus 6.400 servidores entraram em greve. Na entrevista abaixo, o presidente da Associação Nacional dos Servidores do Ibama, Jonas Corrêa, explica os motivos que levaram ao protesto.
Como o senhor viu a aprovação da medida provisória na Câmara?
Temos advertido toda a sociedade brasileira de que essa medida provocará o caos na política ambiental do País. Se isso acontecer, a responsabilidade será do governo e dos deputados que hoje votaram a favor. Nós vamos continuar lutando para revertê-la no Senado. Não queremos o caos.
Quais os motivos pelos quais os funcionários se opõem à divisão?
O principal motivo é a quebra da unicidade da gestão ambiental, que vai ocorrer com essa medida.
Tem sido dito que o propósito é reduzir uma estrutura gigantesca, que gera burocracia e ineficiência.
Não é verdade. Nós estamos certos de que a divisão do órgão é que vai gerar ineficiência e aumentar a burocracia.
Por quê?
Veja o exemplo do licenciamento ambiental. Hoje quem precisa dele tem de se submeter a um conjunto de até 8 procedimentos. Com a divisão, serão necessários até 36 procedimentos, de acordo com avaliação feita por técnicos que trabalham exatamente nessa área. Como é que se pode dizer que haverá menos burocracia? Ela vai aumentar.
Também tem sido dito que o gigantismo do órgão favorece a corrupção.
Isso não faz sentido. Um mesmo funcionário não executa todas as tarefas. Temos gente especializada na área de conservação, de licenciamento, fiscalização. Pela nossa avaliação, as coisas vão piorar se houver a divisão, porque o órgão ficará mais fragilizado. Até agora só falaram em dividir, mas não disseram nada sobre contratação de mais funcionários, de mais recursos. Falam que a instituição funciona mal, mas só pensam em dividi-la e enfraquecê-la, por motivos que eu não consigo ainda entender direito.
(Por Roldão Arruda,
O Estado de S.Paulo, 13/06/2007)