Para muitos de nós, o Sudão significa uma coisa – o desastre constante chamado Darfur. Mas cientistas voando por cima do sul do país – o local de uma outra guerra civil que finalmente terminou em 2005 – descobriram um vasto número de animais em migrações. Bandos de antílopes e gazelas que podem se igualar a escala da grande migração do Serengeti.
Até essa recente pesquisa, o medo era se 20 anos de conflitos haviam criado um colapso do tipo visto na República Central Africana, onde você pode voar baixo pela paisagem o dia inteiro e mal ver um animal. Mas o que eles encontraram foi muitos animais andando pela grama, incluindo espécies que eles pensavam-se estarem extintas.
Essa descoberta é importante, acima de tudo, porque registra o bem-estar inesperado de amplos números de animais e de um ecossistema como um todo. Mas também é importante porque cria a possibilidade do ecoturismo, e uma fonte de emprego e riqueza para ajudar a balancear a ansiedade por petróleo que está crescendo dia após dia aqui.
Autoridades do sul do Sudão se comprometeram a preservar essa vida selvagem. Isso irá precisar de uma ajuda internacional. De uma maneira, os bandos migratórios se protegeram simplesmente por serem migratórios enquanto animais mais sedentários, como os búfalos, praticamente desapareceram. A própria ausência de pessoas no sul – resultado da guerra civil – também ajudou a proteger os animais. Mas agora as pessoas estão voltando em grandes proporções, assim como empresas estrangeiras de petróleo.
A tarefa é encontrar maneiras de criar, dentro de um país devastado, as ferramentas e educação para valorizar e proteger esses bandos selvagens e seu ecossistema. Não é uma escolha entre salvar animais selvagens ou pessoas. É uma questão de proteger os recursos naturais que permitem que animais e humanos prosperem.
(The New York Times,
Editorial, 13/06/2007)