Os prós e contras aos empreendimentos de florestamento e as questões que envolvem o licenciamento ambiental da silvicultura foram colocados na mesa, na noite de terça-feira (12/06), no Theatro Guarany. A discussão envolveu representantes das comunidades dos 22 municípios da Zona Sul. Participaram desde representantes de Organizações Não-Governamentais e ambientalistas a autoridades municipais, estaduais e federais.
A cada opinião das autoridades, manifestações da platéia eram ouvidas, em apoio ou desagravo às declarações. Com o teatro praticamente lotado, as palavras democracia e responsabilidade ambiental foram as mais pronunciadas pelas autoridades. O presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul, Jorge Cardozo, entregou ao secretário de Estado do Meio Ambiente, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, um manifesto assinado pelos prefeitos que integram a associação. Eles confirmam a sua posição favorável ao arranjo produtivo da cadeia de base florestal e instalação da fábrica de celulose e papel, e não deixam de enfatizar o respeito às questões ambientais e de preservação das atividades tradicionais.
O prefeito de Pelotas, Adolfo Fetter Júnior, considerou o momento como um marco histórico para Pelotas e uma honra para a cidade em ser sede da primeira audiência de uma série programada para o Estado. "Não admitimos a possibilidade de sermos excluídos do processo de desenvolvimento. Democracia é saber respeitar aquele que pensa diferente de nós. A comunidade da Zona Sul está reunida para praticar a democracia."
Perspectiva duradouraO diretor florestal da VCP, José Maria de Arruda Mendes Filho, destacou que tecnicamente há pontos dentro do zoneamento a serem reavaliados. Segundo ele, a VCP trabalha para que as questões ambientais e sociais sejam cumpridas. "Se a instalação da fábrica se cumprir, queremos que o nosso trabalho seja duradouro, para no mínimo 100 anos, sempre com base na sustentabilidade. Ninguém quer exaurir o meio ambiente, nem explorar a região e se aproveitar da situação."
Segundo ele, a empresa investiu desde 2003, quando se iniciou o processo de compra de terras, até agora, R$ 500 milhões no Estado, recursos que vieram de fora do Rio Grande do Sul. O investimento total, até 2011, quando deve começar a ser explorada a matéria-prima através da fábrica de celulose, é de 1,3 bilhão de dólares.
A diretora-presidente da Fepam, Ana Mara Pellini, disse que as audiências têm o objetivo de ouvir as mais variadas manifestações de cada região envolvida nos empreendimentos de florestamento. Segundo ela, a proposta de zoneamento quer considerar não apenas as questões ambientais mas também econômicas e sociais de cada comunidade. "Queremos estabelecer um zoneamento consensuado com o Rio Grande."
O representante do Ministério Público Estadual, o promotor Paulo Charqueiro, destacou que as audiências públicas são os instrumentos de que dispõem a sociedade para participar na gestão e administração do meio ambiente. "É preciso que o zoneamento reflita aquilo que a sociedade gaúcha e da Zona Sul quer fazer do meio ambiente nos próximos dez, 20, 50 e 60 anos." Ele pediu que os participantes da audiência deixassem de lado as paixões e que ao final não houvessem nem vencidos nem vencedores. "Precisamos gerar renda e emprego, mas com um meio ambiente saudável, e isto é o que o Ministério Público quer."
Para o secretário de Meio Ambiente, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, as audiências públicas pretendem colher sugestões de toda a sociedade para que o zoneamento ambiental seja efetivamente o marco legal da implantação da silvicultura. "Queremos que ele traduza não apenas a visão de um determinado setor governamental mas de todo o Estado do RS." Ele ressaltou que o Estado tem o compromisso de implantar uma política de desenvolvimento florestal sustentável com a autorização da comunidade, em que serão considerados aspectos econômicos, sociais e ambientais.
(Por Jarbas Tomaschewski e Luciara Schneid,
Diário Popular, 13/06/2007)