Se depender da grande maioria dos discursos registrados Terça-feira (12/06) à noite durante a primeira audiência pública organizada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para discutir a proposta de Zoneamento Ambiental da Silvicultura no Rio Grande do Sul, o órgão terá de sentar e repensar a maneira como o estudo restringiu a produção de florestas na Metade Sul. Este foi o cenário que prevaleceu após a abertura do microfone para o público, no evento que lotou o Theatro Guarany.
Restritivo, limitado, equivocado, unilateral, injusto, incompleto e excludente para os aspectos econômicos e sociais foram as fortes críticas dirigidas à proposta de Zoneamento Ambiental, principalmente por técnicos e pesquisadores. Com 25 anos de experiência florestal, o professor Vilmar Mattei, da Faculdade de Agronomia da UFPel, disse que a pesquisa considerou apenas o aspecto ambiental de um tema bem mais abrangente para a sociedade.
Já o presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Roque Justem, afirmou que o estudo sobre as bacias hidrográficas não foi contemplado pelo trabalho, o que o torna incompleto e compromete sua conclusão. "E abre sérios precedentes para utilizá-lo em outras atividades".
Das poucas manifestações contrárias à introdução de florestas exóticas no pampa gaúcho, o Centro de Estudos Ambientais (CEA) lançou as mais duras. Segundo a ONG, as empresas de celulose iniciaram o plantio no Estado sem respeitar as leis ambientais. Até mesmo o Ministério Público não escapou. Para o CEA, o órgão do Judiciário errou ao fazer um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a Fepam.
As manifestações acalouradas também arrancaram aplausos e vaias da platéia. Se por um lado a integrante do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Elisabete Pires, apontou a monocultura como não-geradora de trabalho, a manifestação seguinte à sua, de um representante da Associação das Câmaras Municipais da Zona Sul, revelou exemplos de vagas já abertas a partir da chegada das empresas de florestamento.
ContinuidadeA Fepam pretende colher sugestões em mais três cidades - amanhã em Alegrete, quinta-feira em Santa Maria e dia 19 em Caxias do Sul - para então reestudar o Zoneamento Ambiental da Silvicultura.
(Por Jarbas Tomaschewski e Luciara Schneid,
Diário Popular, 13/06/2007)