Um abraço simbólico no Rio Madeira e uma missa em defesa da Amazônia reuniram nesta quarta-feira (13/06) moradores da comunidade de Santo Antônio, que fica a 7 quilômetros de Porto Velho (RO), contrários à construção das usinas hidrelétricas no estado. Eles estão preocupados com o que pode acontecer na região, que deu origem à cidade de Porto Velho. A preocupação especial é com a Capela de Santo Antônio, construída em 1913, e que faz parte da história de Rondônia.
De acordo com Luiz Novoa, um dos coordenadores do Fórum Independente Popular do Madeira, o objetivo do evento foi conscientizar as pessoas para as conseqüências da obra para a região. “Precisamos alertar a população de Porto Velho de que o seu marco histórico de origem, que é Santo Antônio, da qual a Capelinha é a o resquício desse núcleo de povoamento, essa área vai ser absolutamente degradada, destruída pelo projeto”, afirma.
Segundo a Superintendência de Gestão Ambiental da empresa Furnas, integrante do consórcio que realizou o estudo de impacto ambiental (EIA) da obra, o projeto do canteiro de obras da margem direita do empreendimento, onde está localizada a comunidade de Santo Antônio, incluiu uma série de condicionantes e restrições para diminuir a interferência das atividades da obra na vida da população que reside nas imediações. A empresa informa, em nota, que o patrimônio histórico e cultural da região será conservado ou recuperado, caso necessário, seguindo orientações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os organizadores do protesto, que reuniu representantes do Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), da Via Campesina e da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), também divulgaram uma carta pedindo o cancelamento do processo de licenciamento ambiental das usinas. Segundo eles, a construção de usinas de Santo Antônio e Jirau afetaria de forma irreversível a biodiversidade regional. Eles também afirmam que mais de 100 mil pessoas afluiriam para Porto Velho nos próximos quatro anos por causa das obras, e que a cidade não têm estrutura para receber esse fluxo.
A construção das duas barragens está entre os principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As duas hidrelétricas devem gerar, juntas, 6.450 megawats de potência, cerca da metade do que é fornecido pela usina de Itaipu, a mais potente do país. A obra depende da concessão de licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
(Por Sabrina Craide,
Agência Brasil, 13/06/2007)