Dono de sementeira em Rondonópolis, é procurado pela PF por compra de agrotóxico contrabandeado
2007-06-13
Organização era sediada em Novo Mundo (MS); ao todo, 18 mandados de prisão foram expedidos, 15 cumpridos
A Polícia Federal está à procura do empresário Elói Marchett, apontado como um dos principais nomes do agronegócio de Mato Grosso. Ele é proprietário da Sementes Carolina, em Rondonópolis, e suspeito de comprar agrotóxicos contrabandeados por uma quadrilha que agia nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Minas Gerais.
Além do empresário, a PF procurava por seu funcionário José Íris, que foi preso ontem, por volta do meio-dia, sob acusação de ter ligação com o esquema de contrabando.
De acordo com a PF, a principal empresa compradora dos agrotóxicos contrabandeados era a Sementes Carolina. A sede da sementeira fica na avenida Presidente Médici, Vila Militar, no centro de Rondonópolis. Funcionários da empresa disseram não saber do paradeiro de Elói Marchett e que tomaram conhecimento das denúncias pela imprensa.
A ação desencadeada pela PF foi denominada “Operação Zaqueu” (referência ao personagem bíblico, muito rico, coletor de impostos, cuja fortuna não tinha origem legal) e começou ontem. De acordo com a polícia, a quadrilha era investigada há seis meses, até a descoberta de ramificações em outros estados. O comando da operação Zaqueu é da PF de Dourados (MS), para onde todos os acusados foram recambiados.
O juiz federal em Campo Grande (MS), Odilon de Oliveira, foi quem mandou prender Marchett. Foram expedidos 18 mandados de prisão e, até por volta das 17 horas de ontem, duas pessoas permaneciam foragidas, sendo uma delas o empresário de Rondonópolis.
Dos 18 mandados expedidos, a Federal cumpriu 15, inclusive contra os dois supostos líderes da organização criminosa, identificados como os irmãos Nasser Kadri e Adib Kadri. O esquema contava com os pais deles, Ali Kadri e Hamza, além da irmã Jamile e sobrinha Flávia. Eles escondiam as provas do crime e participavam da lavagem de dinheiro, conforme apurou a PF. A família Kadri mora em Mundo Novo, cidade sul-mato-grossense que faz divisa com o Paraná, a fronteira com o Paraguai.
As transações, segundo a PF, eram feitas em nome de laranjas, com auxílio de despachantes. Foi presa Isabel Batista de Souza e também há mandado para o policial militar Ademir de Lima, que seria uma espécie de “faz-tudo” na quadrilha. Segundo nota oficial, a PF foi informada de que ele pretende se apresentar junto do advogado.
A quadrilha cometia crimes de contrabando de armas e agrotóxicos, tráfico de entorpecentes, lavagem de dinheiro e tinha sua base principal na cidade de Mundo Novo (MS). Junto à operação foram apreendidos veículos, caminhões, motos, dinheiro e jóias. Os integrantes da quadrilha possuem alto poder aquisitivo, com frota de caminhões, carros e motos caras, além de grande giro na compra de veículos leves e pesados, conforme informou a assessoria de imprensa da Polícia Federal. A megaoperação contou com a participação de 100 policiais federais, distribuídos nos diferentes estados.
De acordo as investigações, o trabalho sujo da organização criminosa fornecia grandes carregamentos de droga, especificamente maconha, que era distribuída para a região metropolitana de Belo Horizonte (MG), no Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro, entre outras.
Família - A família Marchett já foi manchete policial em outras oportunidades. Sérgio João Machett, irmão de Elói, já foi indiciado pelas mortes dos irmãos Brandão de Araújo Filho, em 1999, e José Carlos Machado Araújo, em dezembro de 2000. De acordo com denúncias ao Ministério Público, as duas execuções foram motivadas por disputas de terras entre as famílias.
(Diário de Cuiabá, 13/06/2007)