Depois do adiamento da assinatura do protocolo de intenções entre a Petrobras e o governo do Estado para viabilizar a construção de um ramal do alcoolduto até Mato Grosso - a partir do terminal de Senador Canedo (GO) até Paulínia (SP) - surge agora uma nova alternativa para o Estado escoar sua produção de álcool e biodiesel através de dutos.
De acordo com informações passadas ao DIÁRIO pela Gerência de Imprensa da Petrobras, a estatal está estudando a possibilidade de construir dois alcooldutos, sendo o primeiro de Senador Canedo até São Sebastião, em São Paulo, e o segundo ligando Cuiabá a Paranaguá (PR), passando por Campo Grande (MS) e Curitiba (PR), com extensão prevista de 1.412 quilômetros.
A confirmação de que Mato Grosso não foi excluído dos investimentos da Petrobras foi feita na última sexta-feira, em exclusividade ao DIÁRIO. Os detalhes da obra – que à estatal custará cerca de US$ 2 bilhões – não foram revelados, mas o mal-estar provocado nas autoridades estaduais parece ter sido desfeito. Em maio, ao anunciar o projeto de construção de um segundo alcoolduto, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, causou a ira dos mato-grossenses ao dizer que o duto sairá de Campo Grande (MS) e em nenhum momento ter citado Cuiabá. Mas como esclarece a Gerência de Imprensa da estatal, Mato Grosso está nos planos destes investimentos.
A finalidade da obra, segundo ainda informações da Petrobras, é de facilitar o escoamento da produção de álcool da região Centro-Oeste e atender o crescimento das encomendas à indústria de base da região Centro-Sul do país.
O projeto original encaminhado pela Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) à Petrobras contemplava a extensão do ramal até o município de Nova Olímpia (225 quilômetros ao norte de Cuiabá), onde está localizada a Usinas Itamarati, a maior indústria do mundo na fabricação de álcool, com capacidade de moagem de 6,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra.
“Para Mato Grosso, não importa se o duto virá de Senador Canedo ou partirá de Cuiabá. O importante é que tenhamos a obra para que possamos inserir o nosso Estado no cenário das grandes exportações mundiais de álcool e biodiesel”, afirma o secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Alexandre Furlan.
Ele informou que após um período de “compasso de espera”, o governo e a Petrobras vão retomar as conversações em torno do alcoolduto. “Vamos ao Rio de Janeiro em companhia do governador Blairo Maggi para uma reunião com diretores da estatal brasileira. Vamos buscar informações sobre o projeto do poliduto, que é muito importante para Mato Grosso. Não adianta produzirmos 900 milhões de litros de biodiesel e 800 mil litros de álcool se não temos uma alternativa viável para escoar a produção”, argumenta.
Furlan afirmou que Mato Grosso vai lutar pela construção do poliduto. “Não queremos apenas que a obra seja utilizada só para transportar álcool. Teremos no futuro uma grande produção de biodiesel, por isso estamos defendendo a implantação do poliduto, que cumprirá as duas funções”.
Quatro usinas
Mato Grosso já conta com quatro usinas de biodisel em operação no Estado, somando investimentos de R$ 40 milhões e capacidade de produção de 88,96 milhões de litros/ano. As oito usinas em Mato Grosso - quatro instaladas, duas em fase de implantação e dois projetos em andamento – totalizam investimentos de R$ 150,2 milhões. O número de empregos gerados por essas indústrias totaliza 6,1 mil, sendo 300 diretos e 5,8 mil indiretos.
As quatro usinas em funcionamento em Mato Grosso estão nos municípios de Barra do Bugres, Dom Aquino, Porto Alegre do Norte e Rondonópolis.
(Por Marcondes Maciel,
Diário de Cuiabá, 12/06/2007)