O relator da Comissão Mista Especial do Congresso Nacional sobre Mudanças Climáticas, senador Renato Casagrande (PSB-ES), afirmou que o governo brasileiro precisa formular leis que impeçam a utilização de florestas na produção de biocombustíveis.
De acordo com o senador, essa é uma preocupação das comunidades internacionais. "Existe uma preocupação mundial de que o plantio de cana de açúcar ou de soja para a produção de biocombustíveis vá destruir áreas de floresta ou aquelas utilizadas para a produção de alimentos. Não, isso vai ocorrer, desde que o governo brasileiro crie formas de controle".
O assunto foi um dos temas abordados nesta terça-feira (12/06) durante o seminário Mudanças Climáticas - Impactos para o Brasil, em que o foco das discussões foi o 4º Relatório do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC). Para Casagrande, o Brasil tem um grande potencial de crescimento com a produção de biocombustíveis e precisa saber aproveitar esse bom momento.
O IPCC mostra que os principais problemas do Brasil, hoje, são o desmatamento e as queimadas ilegais, responsáveis, na Amazônia, por 74% das emissões de gases poluentes. Como pontos positivos, o documento destaca o cenário favorável com um programa de biocombustível bem estruturado, a matriz elétrica dependente basicamente de hidroeletricidade e os 4 milhões de hectares de florestas nativas.
Segundo Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e cientista participante do IPCC, o mais importante para o Brasil nesse momento é ampliar os pontos positivos e tomar cuidado com os negativos. Ele ressaltou, no seminário, que "falta ao governo uma política bem integrada envolvendo os municípios, os estados, além das comunidades, das organizações não-governamentais, do setor produtivo associado à questão das queimadas, como a pecuária, a agricultura intensiva os madeireiros".
E concluiu: "Cabe ao governo agir como mediador nesse conflito".
(Por Grazielle Machado, Agência Brasil, 12/06/2007)