Mais uma maravilha da tecnociência: um grupo de pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, criou uma vacina contra o vibrião da cólera feita de arroz transgênico. Segundo os pesquisadores, a versão "comível" da vacina tem várias vantagens: primeiro, dispensa o uso de agulhas para ministrá-la. Segundo, e talvez mais importante, não precisa de refrigeração para ser preservada. Ainda será preciso realizar muitos testes antes que o arroz "vacinado" esteja disponível para o cidadão comum. Até agora, ele foi apenas testado em laboratório, com testes preliminares em camundongos.
Para produzir o arroz anticólera, os cientistas encabeçados por Tomonori Nochi tiveram de alterar geneticamente a planta para que ela produzisse uma substância presente no vibrião da cólera. Esse composto, denominado sub-unidade da toxina B da cólera, é justamente um dos responsáveis pelo disparo de uma resposta do sistema imunológico. Após fazer as alterações genéticas, os cientistas constataram que o arroz de fato possuía essa substância e decidiram testá-lo em camundongos, constatando que eles produziam anticorpos para a doença. Também constataram, em experimentos in vitro, que a digestão não era capaz de neutralizar o efeito.
"Como elas não precisam nem de refrigeração, nem de agulha, essas vacinas baseadas em arroz oferecem uma estratégia altamente prática e financeiramente viável para vacinar oralmente grandes populações contra infecções das mucosas, incluindo aquelas que podem resultar de um ato de bioterrorismo", afirmam Nochi e seus colegas, em estudo publicado na edição desta semana da revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a "PNAS". Para os cientistas, a cólera não é a única doença que pode ser atacada dessa maneira. Outras vacinas poderiam surgir de manipulação genética do arroz, e, segundo eles, a pesquisa beneficiaria sobretudo os países em desenvolvimento, "onde a necessidade é geralmente maior".
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Globo Online, 13/06/2007)