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biodiesel etanol
2007-06-13
Uma tecnologia inovadora voltada para a produção de etanol está em vias de ser colocada no mercado, graças aos estudos desenvolvidos por uma equipe do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp.

Os pesquisadores conseguiram selecionar linhagens de leveduras que desempenham papel diferenciado no processo de fermentação do álcool. Por serem floculantes [agrupam-se formando flocos de tamanhos variados], esses microorganismos possibilitam a supressão de uma das fases de produção do biocombustível, a centrifugação. Como conseqüência da descoberta, o grupo também concebeu, com o apoio de uma empresa privada, equipamentos para operar segundo os padrões da nova metodologia. “Pelos nossos cálculos, o emprego dessa tecnologia deverá representar uma economia entre R$ 0,02 e R$ 0,03 por litro de etanol produzido, o que é muito significativo para as usinas”, afirma Silvio Roberto Andrietta, coordenador dos trabalhos. A patente do invento acaba de ser depositada.

Planta-piloto está entrando na última fase de testes

De acordo com o pesquisador, que está à frente da Divisão de Biotecnologia e Processos do CPQBA, os estudos tiveram início em 1995. Na oportunidade, Andrietta havia sido chamado por uma usina paulista para verificar um problema nos reatores, projetados por especialistas alemães para trabalhar com leveduras floculantes. A planta, entretanto, não conseguia operar de forma ininterrupta. A cada três dias, a operação tinha que ser abortada, pois as linhagens escolhidas se multiplicavam rapidamente, sem oferecer os resultados esperados. O cientista resolveu o problema, mas decidiu investigar mais detalhadamente aqueles microorganismos.

Andrietta conta que ao longo do estudo selecionou 1,3 mil cepas de leveduras, sendo que 90 eram floculantes. Dessas, apenas três tinham as características desejadas. “Uma delas já está sendo utilizada com ótimos resultados numa planta-piloto instalada numa usina nas imediações de Ribeirão Preto. As outras duas ainda estão sendo estudadas”, revela. A linhagem que está em aplicação, explica o pesquisador, desempenha uma função diferenciada no processo de fermentação.

Depois de transformar os açúcares presentes no caldo da cana em álcool, ela se agrega em forma de flocos e vai se concentrar no fundo do reator. Dessa forma, o combustível poder ser extraído sem a necessidade da centrifugação, processo que só serve para separá-lo das leveduras.

Planta-piloto instalada em usina na região de Ribeirão Preto: projetada para produzir 10 mil litros de álcool por dia (Foto: Divulgação) No processo convencional, o fermento centrifugado, contendo as células de leveduras, ainda passa por um tratamento químico antes de ser reaproveitado. “No caso da levedura floculante com a qual trabalhamos, isso não ocorre, pois ela fica presa no reator e pode ser reutilizada sem necessidade de qualquer cuidado extra”, assegura Andrietta.

Ao adotarem essa tecnologia, prossegue o pesquisador, as usinas poderão obter uma economia significativa, visto que não precisarão investir na aquisição e manutenção de equipamentos de centrifugação, nem tampouco no tratamento químico.

Planta-piloto – Como as plantas convencionais não estão preparadas para operar com a tecnologia desenvolvida pela equipe do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp, os pesquisadores tiveram que conceber equipamentos adequados à nova metodologia. Nessa tarefa, eles contaram com o apoio da Dedini S.A. Indústrias de Base, tradicional fabricante de máquinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro. De acordo com Silvio Roberto Andrietta, coordenador dos trabalhos, uma planta-piloto, projetada para produzir 10 mil litros de álcool por dia, foi instalada há dois anos e meio em uma usina localizada na região de Ribeirão Preto.

Atualmente, conforme o cientista, a planta-piloto está entrando na fase final de testes. “No primeiro ano, enfrentamos alguns problemas, o que é natural em se tratando de uma nova tecnologia. Ainda assim, alcançamos com certa rapidez uma eficiência em torno de 87%. Com os ajustes e aperfeiçoamentos que fizemos posteriormente, esse índice já está na casa dos 88,5%. Do nosso ponto de vista, a tecnologia está praticamente pronta para ser licenciada, faltando apenas alguns aspectos pequenos detalhes técnicos e burocráticos”, analisa Andrietta.

De acordo com ele, alguns grupos já estão fazendo contratos extra-oficiais para saber quando o sistema, que será comercializado de forma completa (planta industrial e processo de fermentação por leveduras floculantes), estará disponível no mercado. “Por enquanto, estamos informando que os estudos ainda não estão encerrados”, diz.

(Por Manuel Alves Filho, Jornal da Unicamp, 12/06/2007)

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