As chuvas do final de semana tiveram uma intensidade atípica, fazendo com que seus efeitos se mostrassem praticamente incontornáveis. Ainda assim, expuseram dificuldades de diferentes ordens que precisam ser ressaltadas neste momento. Parece claro que uma parcela importante da rede de infra-estrutura no Estado é mais vulnerável do que deveria às intempéries - da rede de esgoto pluvial ao tipo de pavimentação utilizado e aos postes usados pelas empresas de telefonia e de energia elétrica. Ao mesmo tempo, a população contribui para agravar ainda mais as conseqüências a partir do momento em que não dá um tratamento adequado ao lixo. É isso o que explica o fato de que, principalmente nos grandes centros urbanos, os escoamentos de água estavam bloqueados por garrafas e sacos plásticos, problema que depende de amplas campanhas de esclarecimento e de conscientização coletiva para ser resolvido.
As insuficiências estruturais que já foram denunciadas num momento diferente - quando o Rio Grande estava sob o efeito de estiagens - estão visíveis também sob a inclemência das chuvaradas. Ou seja, com muito sol ou muita chuva aparecem as carências que prejudicam um Estado no qual a variável climática é fundamental. Felizmente no atual momento, o excesso de chuvas não está significando prejuízos para as safras. Na esteira de precipitações como as do fim de semana, os danos maiores são para os serviços urbanos fundamentais, a começar pelo trânsito, e para a qualidade de vida dos cidadãos.
As chuvas representam um alerta. Embora não haja como prever ou prevenir episódios extraordinários decorrentes do clima, há investimentos de longo prazo e rotinas do dia-a-dia que não podem ser ignoradas. Este é o aviso que as chuvas do fim de semana afixam à porta dos gabinetes governamentais e propõem aos cidadãos como reflexão para a destinação adequada e saudável de seu lixo.
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ZH, 12/06/2007)