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extinção de espécies
2007-06-12
O bom senso diria que se um bicho ou planta está sob risco de extinção, seu comércio deveria ser imediatamente proibido, certo? Mas, num mundo onde o lucro supera qualquer razão, esse raciocínio não funciona, na verdade sequer existe.  Por isso, desde a década de 1970, centenas de países se reúnem a cada dois ou três anos para estabelecer regras sobre o que se pode ou não ser comercializado. É o que está acontecendo esta semana na Holanda.

Até a próxima sexta-feira, 173 nações irão rediscutir a lista de espécies ameaçadas de extinção, cujo comércio é proibido - uma lista que já conta com nada menos do que 33 mil criaturas entre vegetais e animais. A disputa promete ser ferrenha. O Japão, por exemplo, quer aumentar a cota de caça de baleias. Botsuana, na África, quer abater elefantes para a venda do lucrativo marfim. Os Estados Unidos reivindicam mais facilidades para negociar peles de lince, enquanto o Brasil quer permissão para comercializar produtos a base de jacaré-açú, o maior predador do continente.

US$ 25 bilhões
Mas esses são apenas alguns poucos exemplos. Ao todo, os especialistas calculam que o ser humano, legal ou clandestinamente, obtenha lucros com 350 milhões de espécies da fauna e da flora, um mercado que em 2005 rendeu US$ 25 bilhões no mundo, mais do que todo o faturamento do setor de turismo nos Estados Unidos em 2006, superando, inclusive, toda a venda de alimentos orgânicos no Planeta.

Aparentemente, pode parecer uma decisão simples, ou seja, está sob ameaça, proibi-se. Porém, o caso do lince norte-americano é emblemático nesse sentido. Como o animal não se encontra sob risco de extinção, os Estados Unidos se sentem no direito de manter aberta a sua caça para abastecer o mercado de roupas de peles. Contra a pretensão norte-americana, insurgem-se Espanha e Portugal, com apoio de diversos outros países europeus e até do Brasil. O problema é o lince ibérico, um parente distante do similar da América do Norte.

No início do século 20, mais de 100 mil deles vagavam pelas florestas portuguesas e espanholas. Hoje, estima-se que menos de 300 sobrevivam restritos a uma reserva ambiental em Sevilha. "Os dois tipos de felinos se diferenciam apenas pelas orelhas e pela cauda, características que não podem ser percebidas quando a pele do animal já foi retirada. Por isso, muitas vezes, o lince ibérico é vendido como lince americano, burlando a fiscalização" explica Daniela Freyer, coordenadora européia da associação 'Defensores da Vida Selvagem'.

Vendas mascaradas
Situação semelhante vive o pau-brasil. Cobiçado no exterior pela indústria de instrumentos musicais, a árvore já está sob ameaça de extinção. Boa parte do comércio, porém, é clandestino e as vendas são mascaradas por meio de notas fiscais falsas, onde o pau-brasil é substituído por outro tipo de madeira.

Por isso, durante a 14ª Assembléia da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites), a delegação brasileira irá pleitear novas restrições ao produto, importado principalmente por europeus e norte-americanos. Além disso, o Brasil também quer restringir as vendas da lagosta, cuja captura vem diminuindo drasticamente os estoques. Já no âmbito internacional, a delegação brasileira manterá sua posição de vetar a ampliação da caça às baleias, proposta defendida, principalmente, pelo Japão, sob a alegação de que se trata de uma atividade inserida na cultura do país, praticada a centenas de ano. Por essas e outras, o bom senso parece mesmo ser a mercadoria mais em falta hoje no Planeta.

Lobby de mogno
Na reunião da Cites, o Peru está sendo acusado de violar a cota de exportação de mogno, vendido a US$ 1,8 mil o metro cúbico. Segundo o Instituto Nacional de Recursos Naturais do Peru, a cada ano, 16 mil árvores são derrubadas, o que equivale a 14 mil metros cúbicos de floresta. Hoje, 90% das vendas vão para o mercado norte-americano que, segundo ambientalistas, estaria barrando qualquer iniciativa de restringir o comércio da madeira.

Sobe preço do marfim
Os países africanos Mali e Quênia pedirão que o comércio de marfim seja proibido por 20 anos, uma proposta sobre a qual a União Européia ainda não se manifestou. Segundo dados fornecidos pela União Mundial para a Natureza, entre 1998 e 2007 foram vendidas 170 toneladas de marfim, o que corresponde a presas de 29 mil elefantes. O preço do marfim, por sua vez, também aumentou nos últimos anos, de US$ 560 para US$ 850 por quilo.

Jacaré-açú na mira
Entre as propostas apresentadas pelo governo brasileiro na Holanda, uma pede o abrandamento da atual proibição do comércio exterior do jacaré-açú, que chega a cinco metros de comprimento. A alegação é de que a caça foi controlada e a população cresceu nos últimos anos. Com isso, as autoridades brasileiras entendem ser possível o manejo sustentável ao explorar comercialmente o réptil, gerando renda às regiões onde vive o jacaré-açú.

Europa em crise
Além do lince ibérico, o continente europeu tem hoje uma em cada seis espécies de mamíferos em perigo de extinção. O relatório, elaborado pela União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN), considera alarmante a tendência decrescente da população dos mamíferos na Europa. Os mais ameaçados são a foca-monge, o bisão e a raposa do Ártico. Os motivos: desmatamento, a escassez de água, a poluição e a exploração excessiva do campo.

300 quilômetros
300 quilômetros de uma estrada que ligaria as cidades de Toledo à Córdoba, na Espanha, terão que ter o seu trajeto modificado. A determinação, governo espanhol, tem como objetivo proteger o lince ibérico. A estrada passaria pela única reserva onde é possível encontrar esses felinos. Em Portugal, será criado um centro para a criação desses animais em cativeiro, na tentativa de evitar a extinção.
(A Tribuna, 11/06/2007)



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