Quase toda grande revista tem algum tipo de inclinação ao aquecimento global, e a Rolling Stone planeja fazer isso na edição de 28 de junho: além da entrevista com o ex-vice-presidente Al Gore e uma matéria feita pelo ambientalista Robert F. Kennedy Jr., a revista começará a publicar em um papel que diz ter um impacto menos negativo no meio-ambiente. Mas enquanto a Rolling Stone e outras tentam ser ecológicas, elas atraem críticas de ambientalistas que pensam que se isso é entrar na luta, é fazê-lo com uma fragilidade declarada.
A Rolling Stone será publicada no que chama de “papel neutro de carbono”. Ele é feito através de um processo onde a revista diz que não acrescenta dióxido de carbono na atmosfera. O papel, que é consideravelmente mais fino do que a Rolling Stone usa agora, é feita por uma fábrica canadense, Catalyst Paper, que a revista diz que reduziu as emissões de gases poluentes em 82% desde 2005 e foi citada pelo World Wildlife Fund por seus empenhos de conservação. Catalyst compensa a pequena quantidade de carbono lançado na produção do papel plantando árvores que não serão cortadas para mais papel, elas ficaram em pé para ajudar a esfriar o ambiente, disse Lyn Brown, vice-presidente de relações corporativas e responsabilidade social da Catalyst.
Mas o novo papel não tem conteúdo reciclado, o que gerou críticas mistas de Frank Locantore, diretor da Magazine Paper Project, um grupo sem fins lucrativos que trabalha com publicadores para reduzir o uso de papel. “As medidas que a Rolling Stone está tomando são bons e importantes?”, perguntou Locantore. “Sim. Mas eu tenho medo que eles estejam desviando a atenção da necessidade de usar papel reciclado”. Ele acrescentou, “todas as evidências mostram que os maiores benefícios sociais e ecológicos vêm de usar papel reciclado”. Eric Bates, vice-editor da Rolling Stone disse, “achamos que papel reciclado é ótimo”.
Mas, ele acrescentou, “estamos publicando alguns dos melhores artistas e fotógrafos do mundo”, e a qualidade de impressão do papel reciclado não faz justiça a eles. “O que estamos tentando fazer é o que faremos. Não podemos publicar a revista que temos em papel reciclado”. Mansueto Ventures, que publica Inc. e Fast Company, anunciou semana passada que ele havia mudado ambas suas publicações para papel 100% reciclado e não notou queda na qualidade. “Realmente era verdade que se perdia qualidade ao mudar para o reciclado, mas eu acho que esse não é mais o caso”, segundo John Koten, chefe executivo e editor da Mansueto, escreveu em um e-mail.
Hearst Magazines, que publica 19 revistas nos EUA – incluindo Cosmopolitan, Seventeen, Esquire e O, A Revista da Oprah – disse em abril que no início de julho colocaria um símbolo escrito “Por favor recicle essa revista”, em todas as suas revistas. Se a empresa, cujo prédio Hearst Tower, de NY, é amigo ao ambiente, usa qualquer tipo de papel reciclado nessas revistas, porém, permanece uma questão. Em março, Marc Gunther, um redator da revista Fortune, escreveu uma matéria em seu site sobre improdutivas tentativas de conseguir uma resposta direta da assessoria de imprensa da Hearst se a O, A Revista da Oprah tinha algum papel reciclado.
Andrae Faville, uma porta-voz da Hearst, enviou um e-mail do que ela escreveu de “histórico ecológico dos esforços da Hearst”. Disse que a empresa está “usando mais de 15% de fibra reciclada em seu portfolio de publicações”. Mas se qualquer parte dessa fibra reciclada vai para as revistas, ou ao invés dos inúmeros jornais e publicações de comércio? “No momento, não temos nenhuma informação pata você além do que está no histórico”, respondeu Faville por e-mail.
(Por Andrew Adam Newman,
The New York Times, 11/06/2007)