O juiz da Vara Federal Ambiental, Zenildo Bodnar, recebeu o pedido de afastamento contra o procurador-chefe do Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF/SC), Walmor Alves Moreira, e o chamou para se explicar. Com isso, o procurador não poderá praticar atos no inquérito referente à Operação Moeda Verde até o julgamento definitivo de afastamento apresentado pelos advogados do sócio-proprietário do Shopping Iguatemi, Paulo Cezar Maciel Silva.
Precursor das denúncias que originaram a operação, Walmor terá, a partir da intimação, o prazo de três dias para apresentar sua defesa à Justiça Federal. A partir daí, o juiz Zenildo Bodnar decidirá se afasta definitivamente ou não o procurador.
Segundo os advogados do empresário Paulo Cezar, Tullo Cavallazzi Filho e Alexandre Brito de Araújo, o procurador Walmor Alves Moreira não teria isenção para atuar no caso, mas não deixam claro os motivos. Os advogados falam apenas sobre a existência de suposto vazamento de informações da operação.
Walmor Alves Moreira afirmou que a decisão do juiz não determina seu afastamento do inquérito. De acordo com Moreira, "a lei não autoriza o afastamento sem ele ser ouvido", ato que seria ilegal, explicou.
Walmor Moreira disse que vai ler o que os advogados sustentam e, a partir disso, fará a sua contestação. "Estão criando uma manobra jurídica para atrapalhar a investigação e tirar o foco da mídia", declarou o representante do Ministério Público Federal. Ele afirmou que irá responder ao pedido do juiz. Moreira disse que a intenção dos defensores de Paulo Cezar seria a de tumultuar o andamento dos autos para chegar à prescrição, ou seja, quando o tempo legal extrapola e o Estado perde o direito de apurar e punir.
Após a decisão do juiz, ainda cabe recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Em entrevista na semana passada, o procurador garantiu ser imparcial e desqualificou o embasamento jurídico dos advogados do empresário. Moreira também negou responsabilidade sobre um suposto vazamento de informações ao vereador licenciado e presidente da Santa Catarina Turimo (Santur), Marcílio Ávila (PMDB).
Ávila é um dos 22 suspeitos de integrar o esquema de compra e venda de licenças ambientais em Florianópolis para beneficiar grandes empreendimentos. Em conversa telefônica com o vereador Juarez Silveira, interceptada pela Polícia Federal ainda no ano passado, Ávila cita
o nome do procurador e dá a entender que sa bia da investigação. Ávila também nega ter sido privilegiado com as informações.
(Por Diogo Vargas,
A Notícia, 12/06/2007)