Um grupo indígena brasileiro está prestes a assinar um acordo que promete, segundo seus próprios membros, revolucionar a história da tribo. O grupo Suruí deve fechar uma parceria com a gigante Google para incluir a aldeia de 1,2 mil habitantes no Google Earth, serviço de imagens de satélite e mapas via internet, e adicionar palavras na língua falada pelos integrantes da tribo nos motores de busca da empresa americana. Mas o chefe da tribo, Almir Suruí, promete não fornecer as informações sobre como utilizar os recursos da floresta para curar doenças. "Isso é nosso e não vamos compartilhar com eles."
De passagem pela Europa, onde promove a idéia de conservação ambiental, Almir revelou quais serão seus planos de negociações com o Google, que devem estar concluídas no final de julho. "Já fiz uma primeira visita à sede da empresa, em uma cidade perto de São Francisco, na Califórnia", conta o líder indígena. "O que decidimos é que vamos fechar um acordo amplo."
A tribo fica localizada no município de Cacoal, em Rondônia, e faz parte da Terra Indígena Sete de Setembro. Almir acredita que o acordo poderá ajudar sua tribo a lutar contra o desmatamento, já que o avanço de madeireiras poderão ser detectados nos mapas do Google Earth. "Já fornecemos um primeiro mapa feito por nós mesmos. Demos informações sobre a área, habitantes e outros dados para que possam começar a mapear a região", disse o líder.
IdiomaAlém do mapeamento, palavras na língua falada pelo grupo serão incluídas no Google. "Vamos colocar nosso vocabulário em tupi mundé na rede", disse Almir. Em troca das informações sobre sua região de 248 mil hectares, o chefe da tribo conseguiu o compromisso do Google de que a empresa capacitará os indígenas para o uso dos computadores, além de treiná-los e enviar PCs. "No futuro, queremos nós mesmos sermos capaz de colocar essas informações no computador", afirmou.
(Por Jamil Chade,
Agência Estado, 11/06/007)