Líderes mundiais encerram a reunião do G8 (grupo dos setes países mais ricos mundo e a Rússia) com a proposta de implementar cortes “substanciais” nas emissões de gases do efeito estuga, mas não definiram de quanto será a redução nem quando as metas entrarão em vigor.
A chanceler alemã Angela Merkel acredita que as emissões deveriam ser interrompidas desde já e sugeriu um corte de 50% até 2050, para que a elevação da temperatura não ultrapasse 2oC. Os representantes dos países ficaram de “considerar seriamente” a proposição, mas não se comprometeram em assumir metas específicas. Merkel admite que não alcançou o êxito total com a sua proposta, mas se diz muito satisfeita com o resultado das negociações. Já o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, classificou o acordo como “um grande, grande passo adiante”.
Apesar de muitos observadores considerarem que a declaração assinada pela Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia e Estados Unidos, representa um novo capítulo de cooperação internacional com Washington, os grupos ambientalistas, acreditam que os esforços estão muito aquém do esperado. Afirmam que a chanceler alemã e Blair estão tentando passar a imagem de um acordo forte, enquanto o presidente Bush não lhes deu nem uma polegada de esperança, defende Philip Clapp, presidente do US National Enviromental Trust. “O melhor que conseguiram dele foi declaração de que sua proposta seria considerada – o que é um marco muito pequeno”, acrescenta.
Ativistas também criticam a proposta de Merkel. “Estas metas são uma piada”, afirma o grupo anti-globalização Attac, que organizou protestos durante o evento. Para o Greenpeace a redução de 50% nas emissões é claramente insuficiente para se prevenir as mudanças climáticas. “O isolamento dos Estados Unidos e a recusa em aceitar cortes obrigatórios de emissões ficou óbvio no encontro”, observa Daniel Mittler, consultor de políticas climáticas do Greenpeace Internacional. A organização diz que os países do G8 precisam reduzir suas emissões em, pelo menos, 80% até 2050 para evitar um aquecimento global catastrófico.
Merkel acredita que as conversas do G8 servirão de base para o encontro de Bali, na Indonésia, em dezembro, onde se discutirá as bases de um novo tratado internacional para substituir o Protocolo de Kyoto a partir de 2012. Ela defende que o acordo com metas para os países deva ser negociado dentro da estrutura das Nações Unidas, que, segundo ela, é o fórum multilateral mais adequado para um pacto que precisa ter legitimidade jurídica e credibilidade na comunidade internacional.
(Por Sabrina Domingos,
CarbonoBrasil, 12/06/2007)