A chegada de um número significativo de usinas de álcool em várias regiões do Estado além de trazer importante mudança no perfil econômico de Mato Grosso do Sul e vários municípios, vai trazer também mudanças no quadro trabalhista e social desse segmento. Isso porque, como muitas empresas são estrangeiras, ligadas a fortes grupos econômicos, muitas vão substituir boa parte da mão-de-obra usada na colheita da cana, por modernas máquinas colhedoras.
É o caso da Louise Dreyfus de Rio Brilhante, que vai colher mais de 80% da área a ser plantada com máquinário moderno, e também do grupo Infinity Bio Energy, que opera a Usinav, em Naviraí.
Há uma grande preocupação hoje em vários setores, como no Ministério do Trabalho e Emprego, na Assembléia Legislativa e outros órgãos, quanto à questão de proteção e segurança dos trabalhadores no setor sucroalcooleiro, conhecido pelas irregularidades que foram cometidas no passado por muitas indústrias oriundas do nordeste brasileiro. No entanto, as empresas estrangeiras, que são a maioria hoje nos projetos previstos para o Estado, além de substituir uma boa parcela da colheita manual pela mecanizada, tem muitos cuidados com as questões trabalhistas, de segurança do trabalho e no cumprimento das legislações ambientais e trabalhistas.
Em NaviraíO grupo Infinity Bio Energy que está ampliando usina em Naviraí, trabalha com a perspectiva de mecanização de boa parte das lavouras de cana nos próximos quatro anos, e espera que o volume atingido pelo corte da cana verde, com colheitadeiras, aconteça em cerca de 80% a 85% da área plantada.
Nos demais 15% o corte deverá continuar a ser feito de forma manual, mas com canavieiros qualificados, contratados na região do cone sul, com capacitação para desenvolver outros tipos de serviço, o que extinguiria a importação de mão-de-obra de outros Estados.
Um dos diretores da empresa disse recentemente que "em pouco tempo, os filhos de canavieiros não serão canavieiros", ao destacar que a Usinav quer "produzir energia limpa, obtendo o selo verde. Com uma gestão que privilegie também a defesa do mei ambiente e o bem-estar de seus funcionários". Ele afirmou que de um total de 1,4 mil canavieiros empregados hoje no trabalho braçal, esse número poderá ser reduzido para menos de 400 homens, que deverão auxiliar na implantação e manutenção de viveiros de mudas e áreas de proteção permanente.
A Usinav ainda não calculou quantas máquinas deverão ser adquiridas para levar adiante o plano de mecanização, mas se sabe que na proporção de 80 homens por máquina, seria necessária a compra de aproximadamente 20 colheitadeiras, somente para os atuais 23 mil hectares de plantio.
(Por Maurício Hugo e Edilson Oliveira,
Correio do Estado, 11/06/2007)