Uma frente fria que estacionou sobre o Rio Grande do Sul foi a responsável por um final de semana com chuvas intensas em algumas regiões do Estado. Chuvarada e granizo transtornaram a vida dos gaúchos. Barra do Ribeiro foi a cidade mais atingida: até as 8h de ontem, choveu 130 milímetros. Em Porto Alegre, durante o final de semana, choveu o equivalente à média oficial de todo o mês de junho.
-Tememos que o resto do terreno de cima desça com a chuva - disse.
Em Barra do Ribeiro, até as 8h de ontem, haviam caído 130 milímetros. Na Capital, segundo dados coletados pelo pluviômetro instalado no prédio da RBS, na esquina das avenidas Ipiranga e Erico Verissimo, choveu 123,19 milímetros no final de semana. O volume é 91,9% da média de todo o mês de junho, de 134 milímetros.
A distribuição da chuva foi irregular. Na cidade de Passo Fundo, no norte do Estado, a estação do 8° Distrito de Meteorologia mediu somente 3,1 milímetros de chuva. Uruguaiana chegou a quase 25% da sua média mensal.
Não há alerta para risco de enchentes e trasbordamento de rios. A previsão é de que as pancadas continuem hoje, com mais força nas regiões Central, Leste e Sul, segundo o meteorologista Flavio Varone, do 8° Distrito. A partir de amanhã a tendência é de que predomine nebulosidade e precipitações mais fracas.
Varone explica que o aguaceiro foi causado pelo fato de a frente fria estacionada sobre o Estado ter sido impedida de avançar rumo ao Norte pelo sistema de alta pressão e pelo vento presentes em Santa Catarina. Formou-se o chamado bloqueio atmosférico. Desde sexta-feira, o norte da Argentina lançou umidade em direção ao Rio Grande do Sul. A combinação dos dois fatores formou áreas propícias para a ocorrência de chuva forte. O fenômeno, comum nesta época do ano, pode se repetir até agosto.
- É cedo para falar em El Niño (aquecimento das águas no Oceano Pacífico que no Estado se manifesta com a intensificação no volume de precipitações). Junho é muito chuvoso mesmo - avalia Cléo Kuhn, da Central de Meteorologia.
Até mesmo dentro de Porto Alegre a quantidade de chuva variou. Nas estações do 8° Distrito, no bairro Jardim Botânico, a soma foi de 114,7 milímetros. A Defesa Civil Estadual foi comunicada de deslizamentos de barrancos em encostas de morros e alagamentos, especialmente na porção sul da Capital.
Em Viamão, na Vila São Lucas, o mecânico Silvio Luiz Valim de Souza viu a casa da família ser invadida por lama e lixo vindos da Rua Joaquim Gonçalves Ledo, ainda na madrugada. Para tentar conter a inundação, Silvio precisou abrir furos nas paredes, que ajudaram na passagem da água. O muro dos fundos do terreno também foi destruído.
- Foi um filme de horror - disse.
A chuva fez a Avenida Goethe perder uma invencibilidade que mantinha havia um ano e cinco meses. Desde janeiro de 2006, não registrava um alagamento como o de ontem, que obrigou ao desvio do trânsito. O Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) afirma que as redes estavam limpas, com a manutenção em dia. Segundo seu diretor-geral em exercício, Sérgio Zimmermann, uma razão explica a recaída:
- Com uma chuva dessas, não há rede de drenagem no mundo que dê conta
O diretor do DEP afirma que o Conduto Forçado Álvaro Chaves não eliminará o alagamento, mas permitirá escoamento mais rápido, evitando tanto tempo de bloqueio da via.
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Zero Hora, 11/06/2007)