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silvicultura
2007-06-11
Por quase três anos consecutivos, o interesse das florestadoras inflacionou o valor cobrado pelo hectare na venda de imóveis rurais na Metade Sul. Mas o conflito das empresas com áreas do governo estadual a respeito do licenciamento ambiental levou as companhias a recuar na aquisição de terras. E o preço das propriedades voltou praticamente ao patamar do cenário original.

A partir de 2004, as florestadoras imprimiram forte ritmo de compras de terras na região, destinadas ao plantio de árvores, principalmente eucalipto. O movimento influenciou na valorização até de propriedades com baixa produtividade.

No ápice do corre-corre, o hectare custou R$ 4 mil. Hoje, está em torno de R$ 2,5 mil, mesmo preço da época anterior à euforia. Nos últimos três anos, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) investiu na compra de 90 mil hectares na Metade Sul, e já cultivou 33 mil deles com eucaliptos.

Fernando de Melo Xavier, corretor de imóveis especializado em propriedades rurais, avalia que o recuo dos preços é exagerado. E espera que a estagnação se reverta para compensar as desvalorizações provocadas pelas recentes estiagens.

Desde que as empresas de celulose diminuíram o ímpeto de compras, culturas típicas da região sustentam os preços, evitando recuo ainda maior. Áreas para a pecuária chegam a valer R$ 3,5 mil o hectare, enquanto terras destinadas ao plantio de arroz custam até R$ 5 mil o hectare.

Para o corretor de imóveis Fabricio Tavares, da imobiliária Casarão, de Pelotas, que realiza negócios no setor rural em toda a Metade Sul, na Argentina e no Uruguai, em parceria com imobiliárias locais, o momento é de negócios mais criteriosos.

Em razão das restrições ambientais do licenciamento para a silvicultura, as empresas levam em consideração a taxa de aproveitamento do terreno: vale mais aquele que tem uma área de plantio permitido proporcionalmente maior.

Quem fez negócios mostra contentamento

Nesse período de tempo de três anos, quem vendeu as terras não mostra arrependimento. O pecuarista Antonio Borges se desfez de uma área de 1.570 hectares em Arroio Grande, no ano passado. O terreno pertencia à família dele há 40 anos. Na hora de negociar com a VCP, pesou a baixa rentabilidade tanto no plantio de soja quanto na criação de gado e a proximidade com um assentamento na região. Com a oferta, saldou dívidas acumuladas pelos negócios e adquiriu outras áreas menores em Arroio Grande. Agora se dedica à pecuária e ao cultivo de arroz.

- Acho que foi um bom negócio para mim e para a região, que vai ter um desenvolvimento maior - diz.

O empresário Paulo Ávila também vendeu sua propriedade de 243 hectares, na localidade do Pelendengue, zona rural de Rio Grande, à VCP no ano passado.

- Outras áreas vizinhas à minha estavam sendo compradas, e decidi até meio por necessidade, mas com certeza foi um bom negócio - afirma.
(Zero Hora, 11/06/2007)

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