Um fórum da ONU - Organização das Nações Unidas sobre espécies em perigo rejeitou, na sexta-feira (08/06), propostas para colocar em prática controles sobre o comércio multimilionário de dois tipos de tubarão altamente valorizados por sua carne e barbatanas. O cação-de-espinho e o tubarão-golfinho não tiveram sucesso em ganhar a proteção da Convenção para o Cites - Comércio Internacional de Espécies em Perigo. Conservacionistas criticaram a decisão, dizendo que a recusa em limitar o comércio realça a força dos interesses comerciais sobre a proteção da vida selvagem. "O fracasso em listar o cação-de-espinho e o tubarão-golfinho (na Cites) é um vergonhoso triunfo da política sobre a conservação", afirmou Cliona O'Brien do grupo ambientalista WWF. "Nós precisávamos de ação, não de procrastinação".
"Este é um profundo desaponto", disse Carroll Muffett, vice-diretora de campanha do Greenpeace. "Hoje é o dia do oceano e os grupos do Cites decidiram celebrá-lo com a rejeição da proteção aos dois tubarões". A Alemanha, agindo em nome da União Européia, pediu às 171 nações signatárias do pacto da Cites para listar o cação-de-espinho e o tubarão-golfinho no Apêndice 2, que regula o comércio de animais e plantas ameaçados. A União Européia e os Estados Unidos, que também apoiaram as propostas, argumentaram que as duas espécies de tubarões apresentaram um substancial declínio em partes do mundo em que os organismos pesqueiros regionais falharam em administrar os estoques corretamente. As propostas para os tubarões receberam mais da metade dos votos no encontro do Cites de 3 a 15 de junho em Haia, mas ficaram bem abaixo dos dois terços necessários para aprovação.
Nações pesqueiras como o Japão, Noruega, Coréia, China e alguns países da América do Sul se opuseram à proteção da Cites para os tubarões, afirmando que a convenção não era o lugar apropriado para lidar com a indústria pesqueira. Eles são apoiados pela FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que reconheceu um declínio significativo em algumas regiões, mas disse que globalmente os tubarões não atenderam ao critério de declínio biológico necessário para listagem no Apêndice 2. A pesca indiscriminada levou a um declínio de 95% na população do cação-de-espinho na América do Norte nos últimos 10 anos, disse a WWF. Já a população do tubarão-golfinho teve uma queda de 89% naquela região nos últimos 40 anos.
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Reuters, 11/06/2007)