Mudanças climáticas e a reação emocional das pessoas a questões ecológicas foram os assuntos que o futurólogo Patrick Dixon mais desenvolveu na coletiva de imprensa que antecedeu sua conferência no ciclo Fronteiras do Pensamento, na terça-feira, 5 de junho, dia mundial do meio ambiente. Para o pensador britânico, o aquecimento global é a maior oportunidade de negócios das últimas três décadas. A necessidade de reduzir as emissões atmosféricas vai proporcionar investimentos de bilhões de dólares em novas tecnologias que minimizam os impactos do homem no meio ambiente.
Dixon citou como exemplo o desenvolvimento de energias alternativas e também ressaltou o grande volume de dinheiro envolvido na compra de créditos de carbono, mecanismo utilizado pelos países ricos para compensar o alto nível de emissões, através do incentivo de projetos ambientalmente corretos.
Sobre a maneira como essas mudanças afetam as empresas, o autor de Futurwise foi enfático ao dizer que a influência é enorme, mas não por causa do meio ambiente, da política, da economia, da ciência ou da tecnologia. “A razão está em uma só palavra: emoção”, resumiu. Para projetar o futuro, Dixon diz que, mais importante do que os acontecimentos são as reações emocionais. “O meio ambiente também é uma questão emocional. Há muito disso na discussão sobre dióxido de carbono e aquecimento global. Todas empresas terão que mudar sua política ambiental não por serem obrigadas, mas pela reação emocional dos seus clientes, acionistas e até membros do conselho de administração”.
O futurólogo observa ainda que, em virtude do ciclo “ação de militantes-repercussão da mídia”, em muitos países já é comum que corporações evoluam mais rapidamente do que os governos e a legislação determinam. Ainda que depois venha a atuação do governo para corrigir aqueles que não evoluem como deveriam. “Meu vôo para o Brasil é um exemplo disso. A companhia aérea usa um combustível ambientalmente correto porque fez investimento na Nova Zelândia, que incentiva que a diminuição do uso carbono”.
Outra saída é a compra de créditos de carbono, em que ao patrocinar um projeto ambientalmente correto, o país ou empresa que provocam grande poluição contrabalançam os efeitos desse lançamento de dióxido de carbono na atmosfera, capturando-o em outro local, seja através de uma reserva natural, seja incentivando a produção de energia não poluente. “Essa discussão vai se expandir no Brasil – que já recebe entradas maciças de capital para garantir o desenvolvimento de novas formas de energia – e já está afetando todo o mundo”, adianta Patrick Dixon.
Ele conta que em Cingapura o governo deu quatro lâmpadas econômicas para cada família a custo zero, porque todas unidades foram pagas por países ricos, que estão sob pressão para reduzir a emissão de dióxido carbono em função do Protocolo de Kyoto.
(Por Guilherme Kolling,
Jornal JÁ, 06/06/2007)