Cultivos de algodão e milho geneticamente modificados com o Bacillus thuringiensis (Bt) - que aumenta a resistência das plantas ao ataque de insetos - parecem ter um impacto relativamente pequeno em espécies que não são o alvo do inseticida, como borboletas e abelhas. A conclusão, divulgada hoje (08/06) na revista Science, é resultado de uma meta-análise feita em cima de 42 experimentos anteriores de campo e lança dúvidas sobre os eventuais problemas ao ambiente que podem ser causados pelos transgênicos. De certo modo também oferece uma resposta às suspeitas de que o cultivo de milho Bt estaria eliminando abelhas nos Estados Unidos.
A avaliação indica que os invertebrados que não são o alvo da tecnologia geralmente estão presentes em maior abundância nas plantações de algodão e milho Bt do que naquelas não-transgênicas que utilizam inseticidas convencionais. No entanto, o levantamento observa que, em comparação com campos de cultivo que não usam nenhum tipo de inseticida, a presença desses insetos é menor nas plantação geneticamente modificadas (GM).
Os autores, liderados por Michelle Marvier, do Instituto de Estudos Ambientais da Universidade Santa Clara, na Califórnia (EUA), escrevem que muitos dos experimentos usados para testar a segurança ambiental dos organismos geneticamente modificados são muito limitados para serem conclusivos. De um modo geral, afirmam os pesquisadores, os trabalhos são pouco replicados, são de curta duração ou levam em conta poucas variáveis. Somente comparando os vários estudos eles acreditam ser possível apresentar uma visão mais generalizada sobre a interação entre a tecnologia Bt e os insetos.
“Nossa análise fornece algum suporte para a alegação (das empresas) de que as plantas geneticamente modificadas podem reduzir aspectos ambientalmente indesejáveis da agricultura, particularmente o impacto dos inseticidas no que não é o alvo”, escreve a equipe. No entanto os cientistas ponderam que examinaram só um tipo de modificação genética e que as pesquisas trabalhavam com escalas pequenas de produção, em vez dos grandes sistemas agrícolas, existentes principalmente nos Estados Unidos, e misturam num mesmo campo transgênico e uso de inseticida tradicional. Também não há na análise nenhuma ponderação sobre outros riscos ambientais, como a contaminação de outras plantas.
(Estado de S. Paulo, 08/06/2007)