Dando continuidade à Operação Pirarucu, que na semana passada apreendeu cinco toneladas de pirarucu (Arapaima gigas) pescado ilegalmente na área do Parque Nacional do Araguaia, na Ilha do Bananal, região que nos últimos anos vem sofrendo com a pesca predatória, a Operação Pirarucu II apreendeu nesta quarta-feira (06/06), mais duas toneladas do pescado. Em mantas salgadas, acredita-se que ele seria transportado da região até o estado do Pará de onde seria distribuído para outros estados brasileiros. A operação do Ibama contou com o apoio da Polícia Federal, da Companhia Independente de Polícia Militar Ambiental do Tocantins (Cimapa), da Funai e do Naturatins.
A operação teve início a partir de denúncia das comunidades indígenas locais. Nesta segunda fase, os agentes localizaram mais dois barcos no interior da ilha, numa região de difícil acesso e alto risco. Foram presos três pescadores não índios e um índio. A rede de tráfico de pescado costuma usar indígenas em suas ações, buscando, desta forma, facilitar a saída dos barcos da área da Ilha, dificultando as ações dos órgãos de fiscalização.
O pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do Brasil, podendo atingir 200 quilos de peso e três metros de comprimento. A espécie utiliza-se dos lagos no interior da Ilha do Bananal para sua reprodução, que tem características particulares. Os casais constroem ninhos e dão aos filhotes cuidados parentais, uma vez que não são gerados grandes quantidades de ovos. Isso torna o impacto da captura predatória de indivíduos que ainda não atingiram a maturidade sexual particularmente ameaçadora para a espécie.
Além disso, o pirarucu tem respiração aérea obrigatória e precisa subir periodicamente à tona para captar oxigênio, o que o torna presa fácil dos pescadores que, conhecedores de seus hábitos, costumam capturá-los com arpões. A espécie está em processo de extinção e sua pesca está proibida em todo o estado do Tocantins bem como em diversas áreas do país.
O peixe é a principal fonte de proteína na alimentação das comunidades indígenas da região e a pesca predatória está levando à diminuição assustadora do estoque pesqueiro da área. A rede de tráfico paga aos índios aliciados valores irrisórios pelo pescado. A preocupação de algumas lideranças indígenas com a exploração pesqueira na região tem sido fundamental no processo de consolidação da presença do Ibama na área.
O peixe apreendido será doado a diversas instituições beneficentes do estado do Tocantins.
(Ascom Ibama/TO, 06/06/2007)