Dificuldades técnicas entre os produtores familiares estão entre os fatores que inibem a expansão da produção de alimentos orgânicos no Brasil, avalia o coordenador de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura Familiar(SAF) do Ministério do Desenvolvimento Agrário(MDA), Arnoldo Campos.
Ele explica que a atividade demanda alta tecnologia, além de controles biológicos e de adubos com processos diferenciados de produção. “Essas tecnologias não estão disponíveis de forma massiva em todas as regiões do país, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde agricultores têm pouco acesso à tecnologia”.
Campos destaca, também, a demora para que o produtor seja certificado, já que se exige uma descontaminação do solo, processo que, muitas vezes, leva um a dois anos. A queda de renda durante o período de transição do sistema convencional para o sistema de orgânicos acaba desestimulando o produtor.
Atualmente, 20 mil famílias de agricultores familiares, reunidas em cooperativas e associações, produzem alimentos orgânicos no país com certificação, principalmente no Sul e Sudeste, embora já existam alguns pequenos grupos nas demais regiões iniciando essa plantação. As agroindústrias se encarregam da processamento e da comercialização. Outras famílias trabalham com sistemas de produção ecológicos que ainda não são certificados.
O coordenador afirma que o número ainda é pequeno. “Para você ter uma idéia, nós temos quatro milhões de famílias de agricultores no meio rural brasileiro, e pouco mais de 20 mil estão certificadas como produtores orgânicos”.
Campos considera a produção de orgânicos uma atividade promissora para a agricultura familiar, porque ela envolve menor possibilidade de mecanização e demanda mais mão-de-obra em pequenas áreas. “Para nós, essa é uma atividade que dialoga com várias questões que a sociedade e o mercado colocam. Do lado do mercado, é um dos segmentos que mais crescem”, aponta.
A taxa de crescimento apurada pelo MDA varia entre 15% a 20% por ano no comércio de produtos orgânicos no Brasil. Daí Arnoldo Campos considerar que essa é uma “excelente oportunidade” de geração de renda e de valorização dos produtos da agricultura familiar. Ele ressalta que há, de outro lado, uma cobrança cada vez maior da sociedade para que se produzam alimentos saudáveis. Campos destaca, ainda, que o sistema de produção de orgânicos contribui para a sustentabilidade ambiental.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 07/06/2007)