Espalhar o verde pelas ruas de Canoas é a principal ocupação do aposentado José Longhi, de 76 anos. O que no princípio era apenas uma atividade sem compromisso, rendeu ao canoense o título de ecologista. Há 24 anos, Longhi passa seu dias cultivando mudas e plantando árvores. Autodidata, o ex-caminhoneiro tem pilhas de livros e revistas sobre plantas e no quintal de casa abriga mais de duas mil mudas de diferentes espécies nativas e raras, como o paubrasil e ipê albino.
O aposentado conta que seu interesse pelo verde começou sem qualquer compromisso. “No dia que me aposentei, cheguei em casa e disse que iria fazer mudinhas de árvores. Na época, não sabia nem como plantar. Aprendi um pouco lendo nos livros”, lembra. Vinte e quatro anos depois, Longhi já perdeu as contas de quantas mudas cultivou pelas ruas de Canoas e municípios vizinhos. “Ah, são milhares. O que sei é que quanto mais árvore, melhor. Elas são o nosso oxigênio, além disso, dão os frutos para alimentar os passarinhos”, diz com simplicidade.
Em meio às diferentes espécies de árvores, como as raridades ipê branco, pau-brasil, manacá anão e a sapucaia, Longhi faz planos para incentivar o plantio de árvores nas escolas. Para isso, vai plantar moringas em alguns colégios da cidade. “A moringa é nativa da Índia e muito comum no Nordeste brasileiro”, explica.
DESCOBERTAS - Entre todas as raridades que tem em seu pátio, a que o ecologista mais se orgulha é o ipê branco. Ele comenta que, nas andanças que faz constantemente pela cidade para “namorar as árvores”, encontrou o exemplar. “Enviei cartas com a semente e folhas da árvore para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro na tentativa de identificar a espécie, mas não obtive retorno.”
Foi de São Paulo que surgiu a resposta. Uma editora de livros de botânica foi quem identificou a espécie. “Fiquei espantado em saber que na verdade não era um ipê branco, mas um ipê roxo albino. O interessante é que eu faço as mudas e as flores podem nascer roxas ou brancas, é sempre uma surpresa.” A lição o ecologista tenta ensinar a todos que cruzam o seu caminho. “Dou de presente para as pessoas sementes e mudas.’’
(Jornais VS, NH e DC, 05/06/2007)