A noção de que o lixo deve ser rapidamente eliminado ficou no passado. Parte do que é descartado pode e deve ser reutilizado. Mas a reciclagem exige a cadeia completa da coleta seletiva, com a participação da sociedade.
O trabalho começa na separação do lixo residencial e empresarial em orgânico e reciclável. O material recolhido por caminhões de firmas particulares ou da Prefeitura é encaminhado às cooperativas de catadores, que levam às empresas de reciclagem.
- Lavamos as embalagens antes de descartá-las. Temos latões diferentes, para o lixo orgânico e reciclável - conta Dayse Ferraz, moradora de Laranjeiras.
A cooperativa Novo Palmares foi fundada há 15 anos pela ex-empregada doméstica Graça Muniz e reúne toda a família:
- Queria montar um projeto que gerasse renda para a comunidade. Na UFRJ, aprendi a fazer a coleta do lixo. Juntei a reciclagem com um emprego.
Algumas ONGs cariocas trabalham com a conscientização da coleta seletiva. A prática prolonga a vida útil dos aterros sanitários, ajuda a reduzir a contaminação do meio ambiente e a extração de recursos naturais. A Doe Seu Lixo trabalha desde 2003 com os catadores, ou agentes ambientais.
As ONGs procuram condomínios para implantar o serviço. Os moradores separam o lixo, recolhido por caminhões especializados. Papel, plástico, vidro e metal podem ser embalados juntos. Os funcionários das cooperativas se encarregam da separação.
Regina Lagimestra, presidente da ONG Reviverde, explica que a instituição fiscaliza o destino do material na implantação do projeto. Depois, a tarefa é da administração do prédio, que deixa à disposição dos moradores a quantidade de lixo reciclável entregue e o dinheiro arrecadado.
Penha Regina, moradora da Barra da Tijuca, acredita no sucesso da reciclagem.
- Funciona bem. A firma que recolhe o lixo tem exigências rígidas. Se não estiver embalado de acordo com os padrões estabelecidos, se recusam a levá-lo.
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) tem um setor de coleta seletiva e disponibiliza caminhões para a função. Os veículos chegam aos bairros em horários diferentes dos caminhões convencionais que recolhem diariamente o lixo orgânico.
A Comlurb encaminha o lixo para as cooperativas cadastradas, que separam o material e o levam às firmas responsáveis pela reciclagem. A empresa pública não se envolve com a renda gerada.
Pilhas e baterias de celular também devem ser recicladas. Há cestos especiais de lixo para o recolhimento do material. Os fabricantes dos aparelhos têm um programa especializado de reciclagem das baterias, descrito nas lojas e sites das empresas.
(Por Janaína Linhares,
Jornal do Brasil, 06/06/2007)