Enquanto a Prefeitura anuncia novo aterro sanitário, ambientalistas criticam a iniciativa e alertam que enterrar o lixo não é a melhor saída para resolver a questão. “Os aterros não podem ser a alternativa para sempre”, diz Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam).
O presidente da entidade explica que é necessária uma campanha de “lixo zero” para evitar o desperdício e criar mecanismos para eliminar o plástico. “É preciso reciclar e fazer usinas de compostagem (transformação dos resíduos em produtos orgânicos usados na agricultura) para diminuir os resíduos que vão para o aterro”, diz. “Não dá para ficar enterrando lixo sempre. Os aterros não atendem a sociedade contemporânea. Em menos de dez anos, não haverá mais espaço para jogar o lixo.”
Para André Vilhena, diretor-executivo da entidade Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), o aterro é sempre paliativo. “É preciso que os órgãos públicos maximizem as ações para diminuir o material levado aos aterros. Muita coisa poderia ser reciclada ou usada em usinas de compostagem, que hoje não existem.”
O educador ambiental da SOS Mata Atlântica está preocupado. Ele diz que o colapso do sistema de destinação do lixo em São Paulo pode ocorrer muito antes de dez anos, tempo previsto para a vida útil do novo aterro que irá entrar em operação em outubro. “Se esse aterro não funcionar a tempo, a situação vai ficar bem ruim a ponto de sobrar para outros municípios receberem o nosso lixo.”
Na prática, isso já ocorre. A cidade tem só um aterro, o São João, na zona leste. O Bandeirantes, na zona norte, teve sua capacidade esgotada em março e parte do lixo vai para aterro de Caieiras, na Grande São Paulo. Por dia, 12 mil toneladas de lixo são geradas na capital.
(Por Camilla Haddad,
Estado de S. Paulo, 06/06/2007)