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operação moeda verde
2007-06-06
O procurador-chefe do Ministério Público Federal em Santa Catarina, Walmor Alves Moreira, e o presidente da Santur, Marcílio Ávila, partiram para as defesas ontem (05/06). A reação veio no mesmo dia em que A Notícia publicou o pedido de afastamento do procurador da Operação Moeda Verde por suposta falta de isenção no caso e também uma conversa telefônica indicando que Ávila poderia ter recebido informações antes de a ação da PF ser deflagrada.

Walmor Moreira: Diz que a justificativa é leviana
Uma “guerra” entre defesa e acusação marca a fase de investigação da Operação Moeda Verde, em Florianópolis, e promete se intensificar ainda mais antes mesmo de o inquérito ser enviado à Justiça Federal.

Ontem, o procurador-chefe do Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF-SC), Walmor Alves Moreira, desclassificou a tentativa de tirá-lo da apuração que ele mesmo iniciou em maio de 2006. “É um ato de desespero, previsível de quem tem grandes interesses em evitar um processo judicial. Encaro com tranqüilidade o fato de não quererem que eu continue a apurar um grande esquema de corrupção”, reagiu.

O pedido de afastamento foi protocolado na Justiça Federal pelos advogados do empresário do Shopping Iguatemi, Paulo Cezar Maciel, e deve ser analisado hoje pelo juiz da Vara Federal Ambiental, Zenildo Bodnar.

Moreira considerou “ridícula” a solicitação dos advogados, os quais argumentam que ele não teria isenção para atuar no caso. “Querem conturbar, que não se chegue à verdade. Os aspectos jurídicos deles são precários e levianos”, entende. Ele tratou a ação dos defensores como "uma campanha difamatória contra quem levará adiante o caso e quem mais apresenta informações sobre as investigações”. O representante do MPF garantiu estar sendo imparcial em todo o trâmite da Operação Moeda Verde.
Ao falar sobre os indícios de vazamento de informações sigilosas da Moeda Verde ao vereador licenciado Marcílio Ávila (PMDB), o procurador-chefe sugeriu que o empresário Paulo Cezar Maciel é quem poderia ter sido beneficiado nesse sentido, pois não foi preso no dia da operação.

Moreira disse ter uma relação estritamente institucional com Ávila. Ele comentou ainda que nada adiantará para a defesa do empresário afastá-lo do caso, pois outros procuradores já trabalham nos autos com informações que ele repassou.

Marcílio Ávila: Nega ter recebido informações
O vereador licenciado e presidente da Santa Catarina Turismo (Santur), Marcílio Ávila (PMDB), negou ter recebido informações sigilosas da investigação da Polícia Federal antes da Operação Moeda Verde. A Notícia revelou que o político pode ter ficado sabendo, ainda em 2006, das investigações de fraudes em licenças ambientais, em Florianópolis.

Em conversa telefônica gravada pela PF com o vereador Juarez Silveira (sem partido), Ávila cita Walmor Alves Moreira. Em uma audiência, o procurador teria comentado sobre denúncias ambientais que motivaram a operação.

O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Florianópolis garantiu que a relação que manteve com Walmor Moreira sempre foi institucional – ele na condição de presidente do Legislativo da Capital e Moreira como respectivo chefe do MPF. Sobre a viagem à Argentina pela Santur, no dia em que a Moeda Verde foi desencadeada (3 de maio), o político disse que já estava autorizada pelo governador em exercício, Leonel Pavan, no dia 25 de abril, bem antes da ação policial.

Ávila assegurou ter tratado de assuntos oficiais na Argentina, como presidente da Santur. Participou de encontros para atrair operadoras de turismo a Santa Catarina, iniciativa que trará, segundo ele, 184 representantes do país vizinho ao Estado neste final de semana.

Por não estar em Florianópolis no dia 3, ele não foi preso temporariamente pelos policiais federais. Apresentou-se dias depois, quando a Justiça decretou nova prisão contra ele, desta vez a preventiva. “É uma maldade gigantesca o que estão fazendo comigo. Querem qualificar todo mundo igual no processo. A Justiça vai prevalecer”, acredita. Ele também afirmou estar sofrendo pressões políticas que teriam a finalidade de desestabilizá-lo à provável candidatura a prefeito de Florianópolis em 2008.

Advogados insistem na suposta falta de isenção
Ouvidos após as declarações do procurador, os advogados do empresário do Iguatemi, Paulo Cezar Maciel, disseram que não cabe a eles ou ao empresário julgar o pedido de afastamento do procurador. A função é do juiz.

Os defensores afirmam que Paulo Cezar não pretende se esquivar da investigação, que apenas apresentou criteriosas exceções de suspeição e impedimento contra Walmor Moreira e que não atribuiu a ninguém a autoria de eventual vazamento da operação em benefício de Marcílio Ávila. Ao analisar a suspeita levantada por Moreira, de que Paulo teria recebido informações sigilosas, os advogados argumentam que ele estava viajando quando a ação foi deflagrada.

(Por Diogo Vargas, A Notícia, 06/06/2007)


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