A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem (05/06) em São Paulo que aguarda para os próximos dias a licença das usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. Segundo ela, estas são as indicações dadas pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nas declarações sobre o assunto. 'O Ibama, ou melhor, o Ministério de Meio Ambiente, deu uma sinalização no sentido de que estava sendo encaminhado a questão do Madeira nos próximo dias. Foi isso que eu li da fala da ministra Marina nos últimos dias.'
Dilma Rousseff disse acreditar que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai licenciar as usinas do Rio Madeira e toda a discussão acerca das obras refere-se a um debate profícuo de junção das questões ambientais com a questão energética.
'Significa que há hoje no Brasil a possibilidade de ter um encontro virtuoso entre os requisitos ambientais e os energéticos. Acredito que o licenciamento do Madeira irá sair', disse a ministra. Ela afirmou que não vai intervir no assunto e deixou claro que será da ministra Marina Silva a responsabilidade sobre o licenciamento dos projetos. 'Não tenho como intervir nisso (o licenciamento), não é minha atividade intervir na área da ministra.'
Momentos antes, durante o debate com especialistas internacionais no auditório principal do encontro sobre etanol, Dilma afirmou que o Brasil deverá se concentrar a partir de agora no desenvolvimento de tecnologia para o etanol de segunda geração, feito a partir de material celulósico.
Segundo ela, o Brasil já investe neste momento cerca de R$ 400 milhões em pesquisa para o desenvolvimento de um processo de produção de etanol a partir de material celulósico, o que inclui esforços da Petrobrás, da Embrapa, de universidade federais e da rede nacional de pesquisa.
Dilma afirmou ainda que novos recursos deverão ser direcionados a partir de agora para esses estudos. Recursos que poderão vir do próprio memorando de entendimento assinado pelos presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva.
O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, disse que grupos dos dois países já iniciaram as discussões para harmonizar os mercados de etanol, transformar o combustível em commodity e criar as bases para as parcerias tecnológicas. Ele afirmou que pelo menos seis usinas para produção de etanol celulósico foram instaladas em solo americano, o que demonstra que a tecnologia já é uma realidade. Tornar o etanol celulósico competitivo é uma das metas do governo dos Estados Unidos.
FHCA ministra Dilma Rousseff criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela falta de 'oposição contributiva'. Mais cedo no São Paulo Ethanol Summit, o ex-presidente afirmou que o Brasil não está crescendo como deveria e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um 'Fome Zero'.
'Lamento que o presidente Fernando Henrique faça uma oposição que não é uma oposição contributiva. Respeito a posição dele, até porque temos uma democracia, mas discordo. Acho que o ex-presidente está completamente equivocado.'
Dilma disse que o Brasil não perdeu o ritmo de crescimento, como sugere o ex-presidente. Citando o relatório de uma consultoria, afirmou que o crescimento anualizado indica que o País cresce neste momento 4,5%.
(Por Agnaldo Brito,
Estado de S. Paulo, 06/06/2007)