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impactos mudança climática br desmatamento
2007-06-06
O Brasil possui uma dupla responsabilidade para refrear o aquecimento global: detém 28,3% das florestas mundiais e precisa proteger estas áreas para minimizar o impacto desta febre na Terra. O controle do desmatamento, tanto nas áreas de florestas como em outros biomas, é a contribuiçăo esperada de países em desenvolvimento para ajudar a reequilibrar a temperatura no planeta. Na Bahia, e no resto do país, é observada uma reduçăo na taxa de desflorestamento da mata atlântica. No entanto, biomas delicados como caatinga e cerrado estăo sendo pressionados e degradados. Estima-se que o cerrado baiano perdeu cerca de um milhăo de hectares em pouco mais de tręs anos para atividades agrícolas e açăo predatória, com a queima de madeira para produçăo ilegal de carvăo.

Nas bacias dos rios Grande e Preto, o presidente do Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia (Bioeste) Benito Mera, aponta que a situaçăo é gravíssima. “Temos nova pressăo do carvăo (para as siderúrgicas mineiras), da agropecuária, do algodăo, da soja. É necessária uma maior fiscalizaçăo do estado – que năo vem cumprindo com suas responsabilidades, liberando licenciamentos e sem fiscalizar, por exemplo, a criaçăo de unidades de conservaçăo”, afirmou Mera.

A retirada da cobertura vegetal nativa no mundo contribuiu de duas formas para a mudança climática: reduziu a capacidade de retirada de CO2 da atmosfera e causou cerca de 20% das emissőes de gases do efeito estufa provenientes da atividade humana na década de 90. Segundo estudo da Embrapa sobre a evoluçăo das florestas mundiais, a África mantém apenas 7,8% de suas florestas originais, a Ásia 5,6%, a América Central 9,7% e a Europa – com a pior situaçăo – apenas 0,3%.

Estimativa - Uma das formas mais baratas de minimizar o impacto do aquecimento global é o controle da derrubada sistemática de árvores – que possibilita a reduçăo nas emissőes de gases do efeito estufa, garantindo o tempo necessário para a adoçăo de novos modelos energéticos. De acordo com um artigo publicado em maio na prestigiosa Science, caso as taxas de desmatamento fossem reduzidas ŕ metade até 2050 e assim mantidas por mais 50 anos, 50 bilhőes de toneladas de carbono deixariam de ser lançadas na atmosfera. O número eqüivale a cerca de 12% da reduçăo necessária apontada e sugerida pelo relatório do IPCC. No que restou da mata atlântica – apenas 7% de sua cobertura original em todo o país – a açăo de devastaçăo continua, mas numa escala menor.

“Continua aquele trabalho de formiguinha, um desmatamento em microescala, de um a cinco hectares, com diversos pontos ao longo do território. A fiscalizaçăo, apesar das deficięncias, tem melhorado. Tem também o programa de corredores ecológicos no sul da Bahia (Corredor Central da Mata Atlântica, com 12,5 milhőes de hectares, que começa ao sul do recôncavo baiano no Rio Paraguaçu e alcança o sul do Espírito Santo)”, explicou o diretor do Programa Mata Atlântica da Conservaçăo Internacional, Luiz Paulo Pinto.

Das 300 madeireiras existentes no extremo sul da Bahia, na segunda metade da década de 90, Pinto calcula que se hoje existir alguma está operando ilegalmente ou trabalhando com eucalipto. “Muitas migraram para a Amazônia”. As queimadas florestais ocupam o segundo lugar no ranking das fontes de emissăo de gases do efeito estufa.

Ameaça é mata atlântica
O resultado da extraçăo sistemática dos recursos da mata atlântica na regiăo sul da Bahia reduziu para estimados 5% o que restou da cobertura original – e aqui é difícil separar o que é floresta nativa do sistema agrícola “cabruca”, nome empregado no modelo de cultivo utilizado pelos colonizadores da regiăo com o plantio do cacau no sub-bosque da mata primária, promovendo um convívio harmônico com as espécies nativas. “Este tipo de cultivo foi importante para manter pelo menos uma porçăo razoável da biodiversidade. A cabruca mantém algumas espécies muito importantes para a conexăo entre as unidades de conservaçăo com um ambiente florestal interessante. É lógico entender esta contribuiçăo e como manejar estas áreas para manter a viabilidade econômica e ambiental”, afirmou Pinto.

Para o chefe geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Eduardo de Miranda, o maior crime ambiental no território baiano foi a “disseminaçăo proposital” da vassoura-de-bruxa na regiăo sul. “O caso do cacau é um exemplo de uma ocupaçăo que preservou grandes extensőes de floresta atlântica combinada com emprego, renda e desenvolvimento”, explicou por e-mail Miranda pontuando que a praga levou ao desmatamento da regiăo, ao declínio econômico e social, além da expansăo de pastos e criaçăo de búfalos.

Os números e taxas sobre a devastaçăo dos biomas na Bahia năo săo estimados. Faltam dados sobre a real situaçăo da mata atlântica e ainda do cerrado e da caatinga. O estado ainda trabalha com a base cartográfica de 1998, sem informaçőes precisas sobre quanto a Bahia perdeu de cobertura vegetal nativa. “As imagens săo ultrapassadas. Estamos montando um sistema de georreferenciamento para definir políticas públicas em tempo ágil”, explicou o superintendente de biodiversidade e florestas da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Marcos Ferreira.

Prevençăo é o melhor caminho
“Hoje o desmatamento é detectado depois que a situaçăo é irreversível. É necessário trabalhar de forma preventiva – com um sistema on-line de avaliaçăo, identificando áreas mais críticas para subsidiar a tomada de decisőes dos órgăos ambientais”, avaliou o diretor do Programa Mata Atlântica da Conservaçăo Internacional, Luiz Paulo Pinto.

Além da expansăo do agronegócio, com o desmatamento legalizado e a conversăo da mata nativa para área de atividade produtiva, prevista em lei, a regiăo oeste sofre com o desmatamento associado ao carvăo. A caatinga, pontuou Marcos Ferreira, sofre pressăo de pequenas atividades agrícolas e também com a produçăo clandestina de carvăo. Entidades ambientais e especialistas frisam que a produçăo agrícola na regiăo do oeste baiano năo é condenada, mas o que preocupa é a expansăo sem controles efetivos deste tipo de atividade, além da falta de definiçăo de áreas de reserva legal ou de proteçăo permanente.

(Por Mariana Rios, Correio da Bahia, 06/06/02007)



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