O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem (05/06), a necessidade da reconstrução das bases da civilização industrial e de um novo pacto político mundial atrelados à energia. "Eu sou sabidamente um otimista, mas tenho de ser moderado diante dos desafios dos próximos anos", disse, ao falar sobre o aquecimento global e também sobre os problemas geopolíticos de concentração de fontes de energia em países como Rússia e Irã, considerados politicamente instáveis.
"Há muitos conflitos por detrás das questões energéticas. A Rússia, por exemplo, se tornou novamente uma potência geopolítica com o controle sobre o gás e o petróleo", lembrou FHC. O ex-presidente participa esta manhã do Ethanol Summit, em São Paulo, e preside uma mesa de discussão sobre o aquecimento global da qual participam o investidor George Soros, a presidente da Fundação das Nações Unidas, Melinda Kimble, e o presidente da União Nacional da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho.
Em sua apresentação, o ex-presidente citou que os países desenvolvidos "utilizaram as fontes de energia como se fossem uma variável permanente", mas não isentou os países em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, do desafio da redução de emissões. "Nós somos também responsáveis", disse FHC, lembrando que a frase tinha sido dita pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as ações propostas para a redução de poluentes, FHC citou o fim das queimadas na Amazônia, lembrou que 45% da matriz energética brasileira ou é renovável ou é limpa e ainda citou a experiência do País no uso do etanol como combustível alternativo à gasolina. "Não preciso nem me gabar mais disso, pois é fundamental diminuir a responsabilidade pela emissão de CO2", afirmou FHC.
O ex-presidente elogiou George Soros, disse que o executivo está na "vanguarda da preocupação com a humanidade" e que é um "homem que viu a necessidade imperativa de um novo pacto mundial".
(Por Gustavo Porto e Thiago Velloso,
Estadão, 05/06/2007)