Um total de 100 mil quilômetros rodados em três anos de aplicação. Estes são os números de um projeto que transformou uma caminhonete comum em um veículo movido a um combustível diferente e muito mais limpo que o óleo diesel convencional: o azeite de cozinha. A proposta, implementada pelo ecologista Paulo Lenhardt em parceria com uma fundação da Suíça, reduz em 75% a emissão de poluentes na atmosfera, se comparada ao uso de veículo comum, e ainda evita que milhares de litros de óleo de soja sejam despejados na natureza.
De acordo com Lenhardt, existem ainda outras duas caminhonetes, dois tratores e um caminhão movidos com o mesmo produto. “Não tem muito segredo, apenas adaptamos os motores para trabalharem entre 80 e 90 graus de temperatura, calor necessário para diluir a viscosidade do óleo, que é mais denso que o diesel. Para isso, colocamos um segundo tanque de combustível, onde vai o azeite. Então, o motor é acionado e aquecido com diesel e depois é alimentado com a forma alternativa”, explica ele. O ecologista destaca os benefícios do sistema: “Como não existe enxofre no óleo de cozinha, a sua emissão é zero. Também são reduzidas em mais de 50% as emissões de monóxido de carbono”, afirma.
O projeto tem apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e de quase todos os restaurantes de Montenegro, de onde é coletado o óleo de soja, cerca de 1,5 tonelada todos os meses. “A próxima etapa é atingir também o azeite doméstico, fazendo coletas nas casas. Só para se ter uma idéia, um litro de óleo usado, que é a média que cada morador do Vale do Caí despeja fora por ano, pode contaminar um milhão de litros d´água. Isso sem falar no entupimento de canos e o alto custo para limpar a água suja com azeite”, destaca Lenhardt.
(Jornais VS, NH e DC, 05/06/2007)