O comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Nilson Nobre Bueno, 54 anos, aposta no enxugamento de comandos e na reestruturação para colocar 2,1 mil policiais militares que considera em desvio de função no policiamento ostensivo. Nilson pretende acabar com o que chama de estruturas paralelas de poder dentro da BM.
E cita como exemplo os comandos Ambiental e Rodoviário, duas forças que ocupam 270 policiais militares para exercer a mesma atividade dos comandos regionais. O batalhão ambiental de Caxias do Sul, por exemplo, em vez de se reportar ao Comando de Policiamento da Serra, está ligado ao Comando Ambiental.
- Acabando com os comandos, apenas deixa de existir duas estruturas burocráticas. Os batalhões (três rodoviários e três ambientais) continuam existindo - afirma o coronel.
A mesma fórmula será aplicada em outras áreas da BM, como é caso dos quatro departamentos (informática, administrativo, ensino e saúde), de onde o comandante-geral pretende tirar 86 policiais em desvio de função. Do seu gabinete, Nilson prevê tirar 24 pessoas que irão para o policiamento ostensivo.
O comandante sabe que a mudança contraria interesses dentro da corporação e, no sábado, enfrentou o que considera a primeira reação. Houve vazamento de informação para a imprensa de que o plano incluiria a extinção dos batalhões ambientais e rodoviários. A notícia saiu de dentro da BM às vésperas da semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, criando um constrangimento no Palácio Piratini.
No início da semana passada, já corria nos altos escalões do governo do Estado a informação de que estava nos planos da BM mexer na estrutura dos três batalhões ambientais.
Embora publicamente a governadora Yeda Crusius (PSDB) tenha dado pequena importância para a turbulência criada entre os defensores do meio ambiente, ela ficou preocupada com a possibilidade de uma nova crise na área da segurança pública. E falou rapidamente sobre o assunto, ontem à tarde, ao ser questionada por jornalistas. Disse que os batalhões passarão pela mesma racionalização de recursos aplicada em outras áreas do governo do Estado.
Segunda-feira (4/6), o coronel Nilson Nobre Bueno falou à Agência RBS:
Agência RBS: O Comando Ambiental vai ser extinto? Os quartéis dos batalhões deixarão de existir?
Coronel Nilson Nobre Bueno: Não. Os quartéis continuarão existindo. O que vamos fazer é uma restruturação em toda a Brigada para resgatar a identidade da corporação. Há batalhões da Ambiental e da Rodoviária em que a palavra Brigada Militar desapareceu. Temos comandos regionais que não comandam. Isso não ocorre nas entidades civis.
Agência RBS: Como funcionará?
Coronel Nilson: Estamos nos espelhando na Polícia Federal, onde os regionais comandam todas as delegacias, inclusive as especializadas. O que não acontece com os comandos regionais da BM, que não comandam os especializados. Isso está dividindo a corporação e prejudicando a população, porque ela não sabe a quem recorrer.
Agência RBS: Essa reestruturação não vai tirar a força do policial militar ambiental?
Coronel Nilson: Não. O que vai acabar é a prática de passar uma viatura da Ambiental onde está ocorrendo um crime, e a população não sabe que ali vai um brigadiano devido ao fardamento diferente.
Agência RBS: O senhor tem notícias de guarnições ambientais que estão deixando de atender ocorrências normais?
Coronel Nilson: Tenho notícias. E esse é o motivo de estarmos reforçando a identidade da BM.
Agência RBS: Com qual intenção ocorreu o vazamento da informação de que a BM cogitava extinguir o Batalhão Ambiental?
Coronel Nilson: De maneira intencional e maldosa. Aproveitaram o fato de amanhã (hoje) ser o Dia do Meio Ambiente. Na nossa reunião (na quinta-feira), não tratamos disso. Inclusive, se bem lembro, não se falou na Polícia Ambiental. O propósito foi tumultuar as mudanças. Já explicamos para o secretário da Segurança e para a governadora.
O plano
Os policiais militares que devem ser retirados do desvio de função:
Comando Ambiental: composto de três batalhões (Xangri-lá, Passo Fundo e Santa Maria) que somam 584 policiais militares - vão ser retirados 100
(Jornal Pioneiro, 05/06/2007)