O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, disse nesta terça-feira (05/06) que a decisão pela retomada da construção da usina nuclear de Angra 3 será formalizada ao final deste mês, na reunião da Comissão Nacional de Política Energética (CNPE), prevista para o próximo dia 25. Segundo ele, a decisão política já está tomada, "só falta formalizar". As obras de Angra 3 estão paradas há cerca de 20 anos.
"O caminho a partir dessa decisão será muito amplo. Com ela e com os estudos que estão sendo feitos para construção de mais um conjunto de
usinas no país teremos um enorme campo pela frente. Isso representa grandes desafios para todo o sistema nucelar. Teremos mais disposição e
energia", disse o ministro, durante a posse do presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o engenheiro mecânico Alfredo Tranjan Filho.
Ele acrescentou que a partir do Plano Nucelar Brasileiro, que espera definição da CNPE, serão desenvolvidos estudos mais detalhados para determinar a localização, o porte e a tecnologia de cada uma das usinas que podem ser construídas no país.
A idéia, de acordo com o ministro, é começar com usinas de grande porte, aliando a tecnologia nacional aos parceiros estrangeiros. "A partir da terceira ou da quarta usina, queremos usar apenas tecnologia brasileira".
Segundo ele, não faltarão recursos para o desenvolvimento do setor nos próximos anos. Ele não quis, no entanto, quantificar os investimentos previstos. De acordo com Rezende, esse assunto também depende das definições do Plano Nucelar Brasileiro pela CNPE.
"O presidente Lula já garantiu que não faltarão recursos e que não será preciso exportar urânio para gerar divisas e pagar pelo programa nuclear. Mas como o programa não está definido, não dá para dizer quanto vai ser investido".
Alfredo Tranjan Filho, que assumiu a presidência da INB, disse que uma das primeiras medidas será a exploração de urânio na mina de Santa Quitéria, no Ceará, cuja capacidade é estimada em 750 toneladas por ano.
Segundo ele, há estudos para uma parceria com empresas privadas para o desenvolvimento do projeto.Atualmente, apenas a mina de Caetité, no sudeste da Bahia, está em atividade no país. A produção é de aproximadamente 400 mil toneladas por ano, suficiente para abastecer as usinas de Angra 1 e Angra 2.
"A mina de Santa Quitéria será fundamental para garantir o atendimento a todo o mercado nacional. Quando se tem um, não se tem nada. Com dois, é possível parar para fazer manutenção enquanto a outra funciona". Tranjan filho disse ainda que espera dobrar a produção de Caetité nos próximos 10 anos, atingindo 800 toneladas anuais.
(Por Thais Leitão, Agência Brasil, 05/06/2007)