O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai apoiar empresas que promovam a redução de emissões de gases poluentes na atmosfera e vendam seus créditos de carbono para investidores estrangeiros. A medida faz parte de um pacote anunciado em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
O programa inicial terá recursos no valor de R$ 200 milhões para estimular a negociação futura de créditos de carbono. Conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, esse recurso foi estabelecido pelo Protocolo de Quioto, um acordo internacional ratificado por mais de 140 países e em vigor desde 2005.
O MDL possibilita que empresas de países com metas de redução da emissão de gases poluentes comprem papéis no mercado por meio dos quais financiam empreendimentos que reduzem ou evitam a poluição em outros países sem metas a cumprir.
“Nós vamos apoiar empresas que possam obter esses certificados, de maneira a tornar o processo de reconhecimento de crédito de carbono mais ativo e generalizado na estrutura empresarial brasileira”, afirmou Coutinho.
Ele esclareceu que muitas empresas hoje fazem investimentos em fontes renováveis de energia, como a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com isso contribuindo indiretamente para reduzir a emissão de poluentes, mas desconhecem os ganhos que essa atitude pode lhes trazer. “Essa substituição poderia certificar uma redução de carbono que, uma vez reconhecida, pode vir a ter valor monetário”, disse o presidente do BNDES.
Enquanto isso não ocorre, o banco decidiu apoiar as empresas nacionais para que elas aprendam a certificar os seus créditos e passem a ter nas suas estratégias negociais a busca de créditos de carbono como uma parte do próprio negócio. “Toda empresa que se preze deveria, na sua estratégia, considerar a possibilidade de obter algo a mais, certificando a redução de missão de carbono”, sugeriu.
O economista Otávio Vianna, do departamento de Mercado de Capitais do BNDES, ressaltou que, em princípio, serão buscados pelos fundos projetos de geração de energia, como aterros sanitários, PCHs, biomassa, co-geração de bagaço de cana.
Na cerimônia hoje, o BNDES também anunciou que o Banco do Brasil repassará recursos do banco no Programa de Apoio a Projetos de Eficiência Energética (Proesco). Através desse programa, o BNDES apóia empresas que promovem a eficiência energética e a eficiência no uso de recursos naturais nos sistemas industriais, comerciais e de infra-estrutura em todo o país.
A escolha se baseou na extensa rede de agências do Banco do Brasil, que atinge municípios aonde o BNDES não chega. O valor inicial do financiamento para os projetos é de R$ 100 milhões. Para os usuários finais de energia, não há limite de financiamento.
Coutinho avaliou que essa economia de energia é fundamental para combinar o crescimento econômico mais rápido com suficiência de energia. “Talvez a energia mais rentável quando comparada a qualquer outra seja a energia que foi poupada. Essa é a oferta de energia que tem a taxa de retorno imbatível”, analisou o presidente do BNDES.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 05/06/2007)