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2007-06-06
Inovação para a construção civil e benefício para o meio ambiente são sinônimos do “tijolo com PET” (Poli Tereftalato de Etila). Primeiro produto a reutilizar uma garrafa PET inteira em sua fabricação, o tijolo concorre este ano ao Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na etapa região Norte, e ao Prêmio Professor Samuel Benchimol do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O tijolo feito com garrafa PET é um projeto do professor de física, Newton Lima, com os alunos de Engenharia Civil, Ambiental e Arquitetura da Ulbra Manaus (Centro Universitário Luterano de Manaus) que começa a transpor os “muros” da academia e já desperta o interesse de pesquisadores e de pessoas que querem utilizar o material na construção de suas casas.

Fabricado atualmente no centro universitário com argamassa e garrafas de refrigerante e de óleo combustível retiradas dos igarapés, o produto possui não só uma finalidade ecológica como social, porque pode ser feito por pessoas de baixo poder aquisitivo.
De acordo com o professor Newton Lima, o projeto foi desenvolvido em 2003 por um grupo de alunos que, orientados por ele, criaram o produto para apresentá-lo como um trabalho semestral. Entretanto, o que antes era apenas uma atividade acadêmica já se apresenta como solução às famílias carentes. “O custo para fabricar um tijolo com PET de modo artesanal fica em torno de R$ 0,97, enquanto o preço do tijolo de barro sai a aproximadamente R$ 0,30. A diferença é que o nosso tijolo possui acabamento, então quando a parede fica pronta ela não precisa ser embuçada. É por isso que o construtor economiza”, explicou.

Newton frisou que o preço do tijolo poderia diminuir ainda mais, se a fabricação do produto ganhasse escala industrial. Para que o tijolo custasse R$ 0,50, por exemplo, seria necessário que uma indústria produzisse mais de 3.500 unidades por dia.


Produto oferece resistência e praticidade

Em virtude de as pessoas com menor poder aquisitivo enfrentarem dificuldades para ter uma moradia de qualidade, os criadores do tijolo com PET pensaram em um produto que aliasse resistência à praticidade.

Segundo o professor Newton Lima, para se produzir o tijolo de 34 cm por 14 cm é necessário colocar uma garrafa PET na fôrma e depois preencher os espaços laterais com argamassa. Feito isso, o tijolo é fechado por cima e passa pelo acabamento final. Depois de aplanado, o produto está pronto e pode ser retirado da fôrma. “Na Ulbra conseguimos fazer cem unidades por dia. Depois de prontos, deixamos os tijolos secarem por no mínimo uma semana, para depois fazer os testes de compactação que vão avaliar a resistência do material”, disse.

Mesmo economizando 40% de argamassa com a utilização da garrafa PET, o tijolo possui uma resistência bem maior que a exigida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Conforme Newton, a norma brasileira requer a resistência mínima de três mega pascal (3Mpa) no teste de esmagamento do tijolo de vedação. Mas nos testes de qualidade realizados com a prensa, o tijolo com PET indicou de seis a 17 mega pascal, o que significa uma resistência de compactação enorme, superior à do tijolo de barro.

O especialista observou, porém, que a resistência do produto depende da qualidade do material utilizado. Segundo cálculos do professor, com uma saca de cimento de 50 kg é possível fazer até 50 tijolos.

Além de representar economia de material para o consumidor e benefício ao meio ambiente, a inserção da garrafa no interior do tijolo permite que a parede faça o isolamento térmico e acústico do recinto, devido à presença de ar nas garrafas.
Depois de comprovadas as características e vantagens do tijolo com PET, o docente do Centro Universitário Luterano de Manaus tenta agora patentear o produto. “A obtenção da patente encontra-se em andamento. O tijolo não é o único com PET, mas é o primeiro com uma garrafa reutilizada”, ressaltou Lima, acrescentando que algumas pessoas já se interessaram em construir casas com o produto.

Instalações aparentes

Na hora de fazer as instalações elétrica e hidráulica em sua residência, o usuário do tijolo com PET deverá optar pelas instalações aparentes, ou seja, as que ficam no exterior da parede. O professor ressaltou que, embora o tijolo possa ser cortado sem comprometer a estrutura da moradia, as pessoas leigas vão ter dificuldade para fazer isso de forma apropriada. “Já fizemos testes com cortes transversais e longitudinais no tijolo e não houve problema. Mas não indicamos que as pessoas façam as instalações pelo interior dos tijolos, porque elas não têm conhecimento para mexer na estrutura e podem comprometer a edificação”, argumentou Lima.

Casa experimental

O próximo projeto dos alunos de engenharia da Ulbra no que diz respeito ao tijolo com PET é a casa modelo, que será erguida no próprio centro universitário. De acordo com o professor, a planta da casa e os 1.500 tijolos necessários à construção já estão prontos, mas as obras ainda não iniciaram porque a instituição aguarda a aprovação do projeto nos órgãos públicos.

O professor de física comentou que além da redução do consumo de energia elétrica, o tijolo de PET vai ajudar na limpeza dos igarapés.

(Jornal do Commercio, 05/06/2007)

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