O vereador licenciado e presidente da Santa Catarina Turismo (Santur), Marcílio Ávila (PMDB), um dos 22 suspeitos de integrar o grupo que negociava licenças ambientais, pode ter sido beneficiado com informações sigilosas sobre a Operação Moeda Verde antes da ação ser desencadeada, dia 3 de maio.
Os indícios que apontam que Marcílio saberia da mobilização policial constam de uma conversa telefônica gravada pela PF com autorização da Justiça ainda no ano passado (veja ao lado, à dir). Também há indícios no despacho do juiz da Vara Federal Ambiental responsável pelo caso, Zenildo Bodnar (quadro à esq). No decisão em que decretou a sua prisão preventiva, o juiz Zenildo Bodnar ressalta ter sinais de que Marcílio teria tido conhecimento de informações sigilosas antes da operação.
Na dia 3 de maio, quando a PF cumpriu as 22 prisões temporárias, Marcílio Ávila não foi localizado porque estaria em viagem oficial à Argentina. Ele também não se apresentou durante os cinco dias da validade da prisão temporária. A Justiça, então, decretou a prisão preventiva e Ávila compareceu à PF no dia 8, sendo liberado cinco horas após prestar depoimento.
Naquele dia, justificou que atrasou o seu comparecimento em razão de estar em missão pela Santur e também porque queria se fazer presente com o advogado, José Carlos Dias.
De acordo com os autos do processo da Moeda Verde, Marcílio seria responsável pelos encaminhamentos do Floripa Shopping, que também é suspeito de receber favorecimentos ilícitos para abrir as portas. O político atuaria como uma espécie de procurador do empreendedor e ainda é suspeito de exercer influência junto aos órgãos públicos.
Já o procurador Moreira, por meio da assessoria de imprensa do MPF, negou ter passado informações sobre a investigação à Marcílio. Moreira disse que somente comentou em uma audiência na Justiça Federal em que Marcílio estava que ONGs seriam investigadas por abusos. Segundo o procurador, o vereador já teria explicado essa situação no depoimento que deu à PF.
Conselho de Ética da Câmara chama dez para depor
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, da Câmara de Florianópolis, definiu ontem o cronograma dos depoimentos para iniciar as investigações sobre a Moeda Verde, que resultou no envolvimento de dois vereadores: Marcílio Ávila e Juarez Silveira, no início de maio. Eles serão os últimos a serem questionados pelo conselho, em 15 de junho.
O primeiro a depor será Carlos Amastha, ex-sócio do Floripa Shopping e amigo de Marcílio, em reunião agendada para 11 de junho. Marcílio é suspeito de ter alterado o plano diretor para atender aos interesses econômicos de Amastha. Ao todo, serão convocadas dez pessoas. Entre elas, o dono do Iguatemi, Paulo Cezar Maciel, o ex-secretário da Susp Renato Joceli de Souza e a delegada da Polícia Federal, Júlia Vergara.
(A Notícia, 05/06/2007)