O juiz Zenildo Bodnar irá avaliar nos próximos dias um pedido de afastamento do procurador-chefe do Ministério Público Federal em Santa Catarina, Walmor Alves Moreira, da Operação Moeda Verde. O requerimento, protocolado pelos advogados do empresário Paulo Cezar Maciel, sócio-proprietário do Shopping Iguatemi, é baseado na suposta falta de isenção pelo procurador em sua atuação no caso.
O pedido dos advogados Tullo Cavallazzi Filho e Alexandre Brito de Araújo entrou na Justiça Federal na sexta-feira e ontem foi encaminhado ao juiz Bodnar, que retornou das férias e voltou a ser o responsável pelas decisões judiciais referentes à investigação dos suspeitos de negociar licenças ambientais e leis em favor de empreendimentos da Capital.
Os defensores do empresário confirmaram o pedido, mas não quiseram explicar os motivos que os levaram a solicitar o afastamento do procurador. Agora, o juiz tem duas opções: aceitar a argumentação e afastar o procurador ou não acatar o pedido e manter o atual estado do processo.
Além de Moreira, hoje trabalham na Moeda Verde os procuradores Cláudio Fontella e Rodrigo Valdez de Oliveira, este último atua no RS e foi designado para reforçar a equipe.
Em maio de 2006, Walmor Alves Moreira recebeu denúncias de supostas irregularidades na licença ambiental para a construção do empreendimento Il Campanario, em Jurerê Internacional, e requisitou abertura de inquérito à PF.
A assessoria de imprensa do MPF informou que Moreira estava em viagem ontem, que ele primeiro iria se inteirar dos fatos e depois se manifestar em uma entrevista terça ou quarta.
A delegada Julia Vergara pediu à Justiça a prorrogação do prazo para concluir o inquérito – inicialmente estava previsto para dia 6 deste mês. Depois de concluído, o documento será enviado ao MPF, que terá um prazo para denunciar ou não os suspeitos. A Justiça, então, decide se aceita ou não o parecer da procuradoria.
DIÁLOGO
Conversa telefônica gravada pela PF com autorização da Justiça em 22/9/2006.
Marcílio Ávila – Tava na audiência com o dr. Jaime!
Juarez silveira – Aonde?
Ávila – Na Justiça Federal, no ajuste de conduta do Carlos! Lá, do shopping! (referindo-se a Carlos Amastha).
Marcílio esclarece que ali era só para cumprimento de ajuste de conduta e pergunta se Juarez se lembra “daquelas denúncias” e diz que foram todas explicadas pelo doutor Walmor.
Ávila – Sabe o que o doutor Walmor falou agora? Que pediu pra Ufeco mostrar a declaração do imposto de renda deles! E dos bens deles. Sabe por quê? O dr. Walmor andou grampeando o telefone de todos os diretores da Ufeco. Já tá tudo na PF. Vai estourar uma bomba aí da Ufeco gigantesca!”
Juarez – Que bom! Não pegando o nosso, o resto tá tudo certo!
Fonte: Autos da operação da PF aos quais AN teve acesso
DEFESAS
UFECO - O presidente da Ufeco, Modesto Azevedo, declarou que nenhum dos diretores da entidade teve os telefones grampeados pela Moeda Verde e que a Ufeco entrou na discussão por ter questionado irregularidades na área ambiental. "Entramos na Justiça não por causa da guerra comercial existente entre os shoppings, mas para questionar os termos de ajustamento de conduta dos shoppings que não estavam sendo cumpridos.
ÁVILA - Foi procurado por telefone na Santur três vezes à tarde e início da noite de ontem, mas não retornou as ligações. A informação era de que ele estava em reunião.
JUAREZ - Segundo seu advogado, ele não vai se pronunciar até o final do julgamento.
(Por Diogo Vargas, A Notícia, 05/06/2007)