O aquecimento global tem levado o homem a buscar soluções para amenizar o impacto das mudanças climáticas em seu cotidiano. No próximo dia 5 de junho, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, as pessoas voltarão a discutir temas como o lixo, a poluição do ar, o derretimento da calota polar, a escassez de água doce e a extinção de espécies animais. Também se falará muito das medidas restritivas adotadas ao redor do mundo para diminuir o impacto das transformações no clima. Toda essa crise global seria melhor administrada se tivéssemos prestado atenção nos cientistas que há pelo menos duas décadas alertam sobre os reflexos dos maus-tratos contra o planeta.
Uma tendência importante que deve se consolidar nos próximos anos é a aplicação do que se chama por aí de construção sustentável. O nome espalhafatoso significa que de agora em diante as pessoas terão de se preocupar com o meio ambiente antes de construir uma casa. O projeto inicial pode exigir uma quantidade maior de recursos, mas esse custo vai certamente ser coberto pela economia de recursos valiosíssimos para a Humanidade, como a energia elétrica e a água. As ações nesse sentido ainda são tímidas, embora seja inevitável intensificar a busca de soluções nas próximas décadas.
Um prédio de 55 andares e 228 metros de altura é o exemplo de como a preocupação com o meio ambiente deixou de ser uma preocupação somente de ambientalistas. O edifício está sendo erguido em uma das regiões mais valorizadas de Nova York, para abrigar a sede de um banco. A inauguração está prevista para o próximo ano. O projeto é avaliado em US$ 1 bilhão (cerca de R$ 2 bilhões) e recebeu uma série de incentivos do governo, o que gerou críticas pesadas dos opositores.
A experiência nova-iorquina promete economizar água e reduzir as contas de energia elétrica pela metade, com a utilização de energia eólica e uma miniusina de gás natural, recurso bem menos poluente que a energia à base de carvão das termelétricas norte-americanas. De imediato, espera-se a redução significativa nas contas, garantindo o rápido retorno dos investimentos empregados nas tecnologias limpas.
O arranha-céu está sendo construído com aço, alumínio e vidro. Na verdade, muito vidro, do piso ao teto, para permitir a entrada da luz natural. Segundo alguns especialistas, além da economia, isso vai gerar maior produtividade dos empregados no dia-a-dia. É esperar para ver. O sistema de ventilação também será diferenciado, com dutos partindo de baixo para cima. A cobertura do prédio ecológico vai ganhar vegetação para amenizar o impacto do calor no restante do prédio nos dias mais quentes.
Porém, a inovação que considero mais importante será o reúso da água. Em épocas de chuva, a água será armazenada em tanques gigantescos para ser utilizada em pias e descargas de banheiros, no sistema de ar-condicionado e em simples tarefas cotidianas, como regar as plantas do terraço. Aproveito este espaço para fazer um apelo aos nossos universitários e pesquisadores: por que não desenvolver aqui soluções semelhantes que, levando em conta nossa realidade econômica em termos de custos, pudessem ser aplicadas em condomínios e conjuntos residenciais?
O Brasil não pode ficar para trás nessa disputa por tecnologias limpas. O fato de o álcool ser aclamado lá fora não significa que temos agora de cruzar os braços e deixar que os outros façam sua parte. Ao contrário. Nossos recursos hídricos ainda são fartos, mas isso não justifica que devemos fechar os olhos para as implicações que a falta de água possa vir a ter no futuro. Que o Dia Mundial do Meio Ambiente sirva para que todos façam essa reflexão e para que iniciemos uma nova etapa em nossa evolução.
(Por Sebastião Almeida, Envolverde, 01/06/2007)