O Brasil, com tantos desafios em múltiplas frentes, tem razões particularmente importantes para transformar o Dia Mundial do Meio Ambiente, lembrado hoje, num pretexto para mobilização maciça em favor do desenvolvimento com respeito à questão ambiental. Nunca, como vem ocorrendo agora, a ecologia havia ganho tanta importância em âmbito planetário, a ponto de até mesmo governantes pouco sensíveis ao tema, como é o caso do norte-americano, começarem a se render a pressões para atenuar resistências. Nesse momento em que a ameaça ambiental deixa de se restringir a uma preocupação dos chamados ecoxiitas e passa a ser decisiva até mesmo em pleitos eleitorais, é urgente que o Brasil, os Estados, os municípios, cada brasileiro individualmente e todos juntos tenham consciência do que podem fazer e onde querem chegar para conciliar desenvolvimento com preservação.
O país vem caminhando em direção à maturidade ambiental, que só é atingida quando a maior conscientização sobre o problema leva a um padrão de crescimento em bases realmente sustentáveis. Ou seja, um modelo que concilie os interesses da natureza com os da população, preservando o meio ambiente para as gerações futuras - condição que o país está longe de ter alcançado. Antes de atingir esse patamar, o Brasil precisará superar uma cultura marcada por excessos tanto dos que subestimam a questão ecológica quanto dos que a supervalorizam. Nesse jogo, a burocracia, não raramente, se coloca contra os investimentos, contribuindo muitas vezes para desgastar a imagem dos próprios órgãos governamentais, o que é ruim para todos.
Mudanças concretas na forma de encarar a questão ecológica dependem de esforços individuais, como os atos de reduzir, reciclar e reutilizar, mas sobretudo de ações governamentais, que produzam efeitos de maior amplitude. Os esforços incluem desde a quantidade de água e de energia usada nas residências até uma mudança na forma de encarar o lixo, passando por transformações radicais nos projetos de novas edificações e de veículos, particularmente dos destinados a transporte coletivo. Oficialmente, o Brasil esbarra em dificuldades concretas, como a de conter de forma mais eficaz o desmatamento na Amazônia, preservar adequadamente seus rios e alterar a sua matriz energética, mas vem registrando avanços importantes. Um deles, reconhecido internacionalmente, é o relacionado ao etanol e ao biodiesel, de interesse também do próprio mercado norte-americano como alternativa para reduzir os danos do aquecimento solar.
A gravidade atingida pela questão ambiental, porém, exige mais que ações isoladas de países. A ameaça ambiental tem aspectos locais, mas também de ordem global e precisa ser afastada por meio de compromissos claros firmados perante organizações multilaterais, para que cada país possa ser cobrado a fazer realmente o que lhe diz respeito em favor do desenvolvimento sustentável.
MARKETING VERDE Uma preocupação cada vez mais comum é a de "neutralizar" os prejuízos ambientais de eventos públicos. Algumas promoções já se preocupam em calcular quanto uma atividade emite de gás carbônico, tratando de zerar a conta com o plantio de árvores, por exemplo.
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Zero Hora, 05/06/2007)