A chata Odalisca, flagrada por Zero Hora no Rio Jacuí sobrecarregada de areia, está proibida de navegar pela Capitania dos Portos desde ontem (4/6).
Ela já tinha sido impedida de ir para o rio em junho de 2006, por falta de condições de segurança. Só poderia voltar à ativa se pagasse multas e regularizasse seus equipamentos. Mesmo proibida de atuar pela Capitania dos Portos, ela foi surpreendida por uma equipe de ZH navegando pelo Jacuí com areia além do permitido, no dia 23 de maio. O barco deslizava pela água com amuradas quase submersas, o que contraria as normas de navegação. Ouvido pela reportagem, o dono da chata disse que continua transportando areia porque é seu único meio de vida.
- Por ser reincidente, a barca não só está lacrada como seus proprietários, provavelmente, serão denunciados judicialmente - adianta o comandante da Capitania dos Portos, capitão-de-fragata Marcos Vinícius Cintra.
Um barco da Marinha tem patrulhado o Jacuí desde a última quinta-feira. O flagrante da chata Odalisca foi obtido pela equipe de ZH na série de reportagens Piratas de Areia, publicada domingo e ontem. Ela retrata a devastação provocada pela mineração clandestina de areia nos rios da Região Metropolitana.
A situação de outro barco será investigada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). É a draga Gabriel, surpreendida por ZH quando retirava areia no Jacuí Velho (braço do Jacuí), num ponto em que o rio tem 82 metros de largura. A Fepam proíbe dragagens nesse trecho do rio quando feitas a uma distância menor do que 50 metros de cada margem, o que inviabiliza mineração em larguras inferiores a cem metros. Luís Felipe Soares, advogado do proprietário da draga, diz que o barco está arrendado e que o dono não tem controle diário sobre o que ela faz. Ele acredita que a dragagem só ocorra em locais autorizados.
(Por Carlos Wagner e Humberto Trezzi, Zero Hora, 05/06/2007)