O maior rio do Estado padece de sua própria grandeza. Fronteira do Brasil com dois países e divisa entre gaúchos e catarinenses, o Uruguai se degrada enquanto espera soluções políticas integradas para salvá-lo.
A bacia é o tema da última reportagem da série Rios Grandes do Sul, publicada neste Dia Mundial do Meio Ambiente. Como apenas 5% do esgoto da região é tratado, a metade da média estadual, o nível de poluição ameaça o Aqüífero Guarani, maior reservatório de água doce do mundo.
No contraste com a abundância hídrica, cidades afastadas do curso do rio enfrentam problemas de abastecimento. Em Bagé, moradores passam 16 horas por dia sem água. Se a falta de chuva preocupa, o desperdício agrava o racionamento. Seriam suficientes 8,6 milhões de metros cúbicos de água por ano para abastecer a cidade, mas a demanda é 63% maior, devido a perdas na rede e à falta de hidrômetros nas casas.
Governos e comitês das 11 bacias que compõem o Uruguai iniciam mobilizações. Em março, o BID aprovou verba de US$ 1,2 milhão (R$ 2,4 milhões) para Rio Grande do Sul e Santa Catarina criarem o plano diretor da bacia, passo inicial para obras de saneamento.
- O Estado e o país precisam olhar mais para o Uruguai. A situação é crítica - diz João Manoel Bicca, secretário executivo do Projeto Pró-Rio Uruguai, Aqüífero Guarani e Estuário da Prata.
(Por Letícia Duarte, Zero Hora, 05/06/2007)