(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
segurança energética
2007-06-04

A Argentina entrou na semana passada em grande estilo na sua quarta temporada de crise energética. Os problemas de geração, distribuição e abastecimento de energia, acumulados ao longo dos últimos 5 anos, ficaram evidentes com o apagão que assolou na segunda-feira - durante mais de quatro horas - os elegantes bairros da Recoleta, Belgrano e Palermo, poupados da falta de energia nos anos prévios.

Os economistas já temem que, se os cortes de energia persistirem, o crescimento da economia seja afetado. Eles recordam que a crise energética do ´abril negro´ de 2004 fez com que nesse mês o Produto Interno Bruto (PIB) recuasse 1,5% (foi o único mês com queda desde agosto de 2002). As perspectivas de crescimento do PIB para 2007 oscilam entre 7,5% e 8,5%. Alguns economistas sustentam que, se a situação da última semana persistir por mais duas semanas, será preciso reavaliar as perspectivas e indicar um crescimento menor. Outros, no entanto, indicam que as previsões do PIB deste ano já incluíam as complicações energéticas.

No apagão da semana passada, a produção industrial foi afetada. Com a proximidade das eleições, parece que o presidente Néstor Kirchner optou por poupar os consumidores residenciais - potenciais eleitores - e ordenou ao setor industrial, comercial e de serviços que consumissem 600 Megawatts (MW) a menos entre 18 e 22 horas. Assim, as indústrias tiveram em média 20% menos energia (em alguns dias o corte chegou a 30%). Em outubro, os argentinos escolherão o novo presidente do país e Kirchner ainda não decidiu se será candidato à reeleição ou se lançará como candidata sua mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner.

O gás também foi escasso. As fábricas que consomem mais de 9 mil metros cúbicos diários ficaram dois dias seguidos sem a totalidade do abastecimento. As empresas de cimento foram as mais prejudicadas, pois terão de esperar até esta semana para retomar a temperatura dos fornos. No entanto, a União Industrial Argentina (UIA) decidiu por não irritar Kirchner e preferiu manter silêncio, sem expressar críticas, para evitar vinganças do governo. Para complicar, a usina atômica de Atucha I esteve com problemas técnicos e ficou dias sem funcionar. A central nuclear de Embalse estava fechada para reparos. Ambas só começaram a operar na sexta-feira. Mas os especialistas afirmam que, inevitavelmente, elas voltarão a ter problemas em breve.

Além da falta de energia, a escassez de gás nos postos de abastecimento de automóveis, paralisou 70% da frota de 50 mil táxis. O centro de Buenos Aires, com trânsito caótico desde o início da recuperação econômica em 2003, apresentou na semana passada um cenário de plácidas avenidas que prometia se prolongar pelos próximos dias. O cenário promete ficar ainda pior, já que as autoridades indicaram que o ano será seco, fato que deve causar problemas para o funcionamento das hidrelétricas instaladas na Patagônia, que abastecem o cinturão industrial de Buenos Aires.


Colapsos
O motivo do colapso do sistema elétrico foi duplo. Por um lado, a baixa temperatura, recorde nos últimos 45 anos no mês de maio, que provocou um maior consumo de energia elétrica, que chegou a 18.200 MW na segunda-feira (no ano passado, o dia mais frio marcou um consumo de 17.400 MW). Neste ano, Kirchner não contou com a clemência do clima, que em 2004, 2005 e 2006 proporcionou outonos e invernos amenos. Desta vez, o frio chegou antes - e de forma mais intensa - fazendo os termômetros marcarem temperaturas próximas a 1 grau. Na Patagônia fez mais frio do que na própria Antártida, com 17 graus negativos. A neve caiu generosamente em várias províncias.

Por outro lado, o sistema foi levado ao colapso pela escalada do consumo de energia de um país cuja economia cresce, desde 2003, 9% em média por ano, enquanto que a infra-estrutura energética praticamente não ampliou sua capacidade nesse período. ´Não há interesse em investir em um país que mantém em congelamento as tarifas das privatizadas´, explicam analistas.

O congelamento começou em 2002, ainda no governo do presidente provisório Eduardo Duhalde (2002-2003). Gradualmente, os preços foram liberados, mas só para tarifas industriais e comerciais. Kirchner, com a exceção de 1,2 milhão de usuários atendidos pela empresa Gas Ban (que em março foi autorizada a um aumento de 14%), impediu todo tipo de aumentos tarifários para os consumidores residenciais. Um rigoroso controle de preços também foi aplicado aos combustíveis, cujos preços são 50% inferiores ao resto dos países da região.


Sem planos
Desde que tomou posse, o governo não desenvolveu programas sérios para a área energética, acusam líderes da oposição e empresários. Os analistas consideram que Kirchner, até agora esteve "bicicleteando" (expressão equivalente a ´empurrar com a barriga´) à procura de uma saída para essa crise.

Para fugir dela, nos últimos quatro anos, Kirchner importou diesel da Venezuela; comprou gás da Bolívia, para cobrir 6% do consumo interno; e reduziu os envios de gás para o Chile, violando os contratos assinados nos anos 90 (além de criar tensão com o país vizinho). Além disso, ocasionalmente importa energia elétrica do Brasil e do Uruguai.  Em pouco mais de uma década, a Argentina passou de um país exportador de gás e petróleo a um pequeno importador. Os especialistas otimistas indicam que em 2015 a Argentina será um grande importador. Os pessimistas afirmam que essa condição será realidade entre 2010 e 2013.
(Por Ariel Palacios, Estadão, 03/06/2007)

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -