Em seu programa semanal de rádio 'Café com o presidente' desta segunda-feira (0406), Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a alfinetar os países ricos sobre as questões climáticas e disse que levará à Alemanha, onde nesta semana se reúne o G8 - grupo dos 7 países mais ricos do mundo e a Rússia -, propostas dos países em desenvolvimento para minimizar os efeitos do aquecimento global.
"Eu penso que é muito importante para dizermos algumas coisas que consideramos verdades e que parte do mundo desenvolvido não quer discutir. Primeiro, que 65% da emissão de gases na atmosferasão feitas pelos países ricos, portanto cabe a eles maior responsabilidade para despoluir o planeta. Segundo, falando de desmatamento, se a gente pegar a floresta existente há 8 mil anos atrás, nós vamos perceber que a Europa só tem 0,03% e o Brasil tem mais de 60% da floresta".
Falando diretamamente de Nova Délhi, na Índia, onde realiza uma visita diplomática com cerca de 100 empresários brasileiros, o presidente brasileiro voltou a cobrar a conta para despoluir o planeta, afirmando que os países ricos têm mais responsabilidade pelo desmatamento, e disse que irá propor, junto com o chamado G5, que reúne China, México, Índia, Nigéria e também o Brasil, uma compensação financeira ao G8.
"Nós queremos discutir com muita seriedade, inclusive uma proposta do Brasil, para a criação de um fundo de compensação para países em desenvolvimento, pobres, que diminuirem o desmatamente que sejam compensados financeiramente para que possamos aplicar um modelo de desenvolvimento limpo, que não cause grandes emissões de gases ao planeta".
Lula afirmou que conta com a união dos 5 cinco países emergentes que formam o G5 para pressionar as nações mais ricas em acordos econômicos e políticos.
"Estes países estão dizendo ao mundo que não é possível pensar em um qualquer acordo comercial ou político sem conversar. Por isto nós estamos juntos na Organização Mundial do Comércio querendo que a União Européia flexibilize os preços na agricultura para os países mais pobres e estamos pedindo que os Estados Unidos diminuam seus subsídios também para que os países em desenvolvimento possam competir com produtos agrícolas e estamos dispostos a flexibilizar na questão dos produtos industriais".
Conselho de SegurançaO presidente brasileiro também disse que os países em desenvolvimento estão pedindo uma "recomposição e redemocratização" do Conselho de Segurança do ONU.
"Ela foi criada há 60 anos atrás, o mundo mudou e é preciso que tenha maior representatividade para que as decisões da ONU sejam acatadas".
Para Lula, o Brasil está em posição favorável tanto na Organização Mundial do Comércio quanto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Posso dizer ao povo brasileiro que não houve, em nenhum momento da história brasileira, que o Brasil teve tanta força como tem agora".
Balança comercialLula também afirmou que a viagem à Índia com cerca de 100 empresário tem o claro intuíto de elevar as transações comerciais brasileiras com o país orienta, até 2010, para US$ 10 bilhões.
"Hoje está em US$2,5 bilhões e temos muito chão a percorrer, mas estamos aqui com 100 empresários e eu acredito que nós vamos estabelecer uma relação muito forte com a Índia".
Copa de 2014Descontraído, o presidente brasileiro comentou rapidamente o jogo Brasil e Inglaterra, ocorrido na última sexta-feira (1º) no estádio Novo Wembley, em Londres, e aproveitou para fazer um apelo para que a Fifa escolha o Brasil, único candidato até então, para sediar a Copa de 2014.
"O jogo foi bom, o Brasil não perdeu, empatou. E fo importante porque daqui uns dias a Fifa vai escolher a sede da Copa de 2014 e o Brasil está disputando sozinho. É o país que tem o futebol mais importante do planeta, sediou uma copa em 1950, e tem o direito de sediar uma copa do mundo", disse Lula.
"Papagaios dos Estados Unidos"Lula evitou polemizar, não falando mais sobre as declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre a monção enviada pela Senado brasileiro pedindo a revisão do fechamento da RCTV, a mais antiga rede de televisão do país, que foi classificada como 'comunicado grosseiro' pelo venezuelano, gerando um desconforto diplomático entre os dois países.
(
G1, 04/06/2007)